França em recessão, Alemanha cresce 0,1%
Recuo de 0,2% no PIB francês pelo segundo semestre consecutivo. Fraco crescimento alemão explicado por diminuição do investimento empresarial.
O recuo registado pelo PIB francês nos primeiros três meses do ano é idêntico ao do último trimestre de 2012, anunciou o instituto nacional de estatística e de estudos económicos. Tecnicamente, há recessão quando ocorre recuo do PIB em dois trimestres consecutivos.
Para o conjunto do ano de 2012, o instituto mantém a estimativa de crescimento nulo, depois de ter revisto em baixa o crescimento no último trimestre: 0,1% em vez de 0,2%. São más notícias para o Governo socialista de François Hollande, depois de o desemprego ter atingido em Março um recorde histórico.
Isto acontece quando o Presidente francês, François Hollande, bate índices de impopularidade após um ano no poder, e numa altura em que a sua actuação é cada vez mais abertamente questionada dentro do seu próprio partido.
Segundo o diário francês Libération, nos últimos dias três pesos-pesados do PS propuseram uma reorganização do Governo – mais particularmente, dos sete ministérios com vocação económica, que os franceses chamam simplesmente Bercy, o nome do quarteirão onde as sedes dos ministérios se concentram. “Bercy tem de ter um chefe”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, ele próprio um antigo ministro da Economia (2000-2002).
Fala-se num ambiente de guerra interna entre os responsáveis – mais dois do que no antigo executivo. Poderá ser para mostrar a importância dada à economia, diz o Libé, mas na verdade o que tem acontecido é um confronto aberto entre duas alas, a do centro-esquerda protagonizada pelo ministro das Finanças Pierre Moscovici, e, representando uma facção mais à esquerda, o ministro da Indústria, Arnaud Montebourg.
Mais perda de poder de compra
Ainda quanto aos indicadores económicos o Governo mantém, no entanto, a previsão de crescimento de 0,1% para 2013, segundo informação prestada à AFP pelo ministério da Economia.
A perda de poder de compra dos franceses em 2012 foi também mais forte do que o inicialmente anunciado: um recuo de 0,9% e não de 0,4%, como tinha sido estimado no passado mês de Março. O consumo das famílias, que fora estimado em 0,1% caiu afinal para 0,4%.
Mantém-se a estimativa de défice público para 2012 – em 4,8% do PIB – e de evolução da dívida – para 90,2% do PIB.
No caso alemão, em que o fraco crescimento é explicado pelos serviços estatísticos com o Inverno anormalmente longo e frio. Os “impulsos positivos só vieram praticamente [do consumo] das famílias”, enquanto o investimento empresarial continuou a diminuir e o comércio externo “quase não teve influência” no crescimento.