A realidade de Moçambique pela lente de Filipe Branquinho

Depois de intervir nas ruas de Maputo, em 2011, o fotógrafo moçambicano — que também é finalista do BESPhoto 2013 com outro trabalho — mostra, na Gulbenkian, o impacto que uma projecção pode ter na "classe trabalhadora"

Foto
João Costa

Filipe Branquinho é um arquitecto moçambicano rendido à fotografia e à ilustração. Quer retratar a realidade do seu país, “mostrar uma Maputo mais contemporânea no centro histórico”. Até agora, este objectivo de vida tem corrido bem, diz ao P3: o seu trabalho tem sido exposto em Portugal, Brasil, Moçambique e África do Sul.

Na exposição “Ocupações Temporárias — Documentos”, do programa Próximo Futuro, Filipe Branquinho participa com uma representação da instalação que desenvolveu em Maputo, há dois anos. Na altura, o programa coincidiu com os Jogos Africanos 2011, o que se reflectiu em poucos apoios financeiros para a criação de trabalhos. Tiveram de “puxar pela cabeça” e, em vez de impressões de fotografias em molduras, Filipe optou por uma projecção no espaço público.

“Fiz uma apresentação com 50 fotos. A ideia era projectar para a rua e escolhemos uma vitrina na principal avenida de Maputo, a Julius Nyerere, com muito movimento de pessoas”, explica. Em frente dessa projecção foram colocadas algumas cadeiras artesanais, usadas pelos guardas nocturnos de Maputo, par criar “um pequeno cinema”.

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João Costa

Filipe, de 35 anos, queria que o público se sentisse na pele desses guardas, que muitas vezes passam noites inteiras a olhar para montras de lojas de electrodomésticos, por exemplo. “A escolha funcionou muito bem e a classe trabalhadora identificou-se com o projecto”, diz.

Agora, na Fundação Calouste Gulbenkian, é possível ver uma representação da instalação, uma “redução à escala”. Como não era possível mandar vir de Maputo todas as cadeiras, foi decidido trazer, para Lisboa, alguns bancos, colocados em frente a um monitor onde passam as imagens.

A Gulbenkian não é o único local em Lisboa onde se podem ver fotografias de Filipe. Até 2 de Junho, o Museu Berardo recebe a exposição dos quatro finalistas do BESPhoto 2013 — lista da qual Filipe faz parte juntamente com o português Albano da Silva Pereira e com os brasileiros Pedro Motta e Sofia Borges. O prémio são 40 mil euros.

Artigo corrigido às 00h51 de 25 de Abril

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