Troika alerta que dívida de Portugal é detida sobretudo por especuladores

Documento a apresentar no Eurogrupo.

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Representantes da troika em Portugal Enric Vives-Rubio

O Financial Times noticia nesta quinta-feira um documento conjunto da troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) e do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), que deverá ser apresentado na reunião desta sexta do Eurogrupo, em Dublin.

No documento, de 12 páginas, a troika  e o FEEF mostram-se preocupados com o facto de a dívida portuguesa estar a receber a atenção sobretudo de investidores especulativos, e não de investidores tradicionais.

“Houve uma participação estrangeira particularmente forte no último leilão de títulos de dívida (perto de 93%), especialmente dos Estados Unidos. Mas uma porção ampla desta emissão foi estranhamente comprada por investidores especulativos como hedge funds (25%) ou gestores de activos, com uma participação extremamente baixa de investidores institucionais convencionais, bancos centrais e outras instituições oficiais (apenas 4% em fundos de pensões e seguros)”, alerta o documento.

Além disso, a troika aponta alguns riscos de financiamento que se colocam a Portugal, nomeadamente a elevada necessidade de financiamento nos próximos anos e o facto de o rating (avaliação) atribuído pelas agências de notação financeira estar em níveis de não investimento.

Quanto às necessidades de financiamento da economia portuguesa, o documento da troika e do FEEF refere que o nível de emissão de dívida antes da crise rondava os dez a 12 mil milhões de euros por ano (7% a 8% do produto), as quais deverão ascender aos 14 a 15 mil milhões de euros em 2014 e 2015.

Na terça-feira, a Reuters tinha avançado que a troika recomenda que Portugal consiga uma extensão de sete anos para o prazo de pagamento do empréstimo, citando o mesmo documento.

A notícia da Reuters avançava que a Irlanda deverá receber apoio total, ao passo que o apoio a uma extensão dos prazos a Portugal poderá ser condicional, dependendo da capacidade de o executivo liderado por Passos Coelho encontrar medidas para compensar cerca de 1300 milhões de euros, depois de o Tribunal Constitucional ter "chumbado" quatro artigos do Orçamento do Estado deste ano.