Uma prenda de 1100 milhões em Picassos, Braques e Légers para o museu Metropolitan

Doação de 78 pinturas cubistas, de uma das melhores colecções privadas do mundo, é também um dos maiores donativos de sempre.

Vive la France (1941-1915), de Picasso, é um dos quadros doados ao Met
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"Vive la France" (1914-1915), de Picasso, é um dos quadros doados ao Met DR
Notre avenir est dans l’air (1912), de Picasso, é um dos quadros doados ao Met
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"Notre avenir est dans l’air" (1912), de Picasso, é um dos quadros doados ao Met DR
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"Les maisons sous les arbres" (1913), de Ferdinand Léger DR
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"Le Violin Mozart Kubelick" (1912) de Georges Braque DR
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O Met foi o segundo museu mais visitado do mundo em 2012 Spencer Platt/Getty Images/AFP

O segundo museu mais visitado do mundo em 2012 tem Seurat, tem arte romana e grega, tem escultura e pintura oriental, tem El Greco ou Georgia O’Keeffe, impressionismo e pós-impressionismo q.b.. Mas a colecção de museu enciclopédico não era forte numa das mais relevantes, senão mesmo a mais influente corrente da história da arte do último século – o cubismo, que abriu caminho para a abstracção. Agora, graças à doação de Leonard A. Lauder (o apelido do filho de Estée é reconhecível exactamente daí, de um boião de creme simbólico de um império na cosmética), opera-se uma verdadeira “transformação” na relevância do "Met", como diz o director.

É que se a colecção de Lauder é mesmo muito boa – e valiosa, representando 842 milhões de euros –, estando ao nível das mais relevantes instituições museológicas do mundo (do Museum of Modern Art de Nova Iorque ao Centre Pompidou de Paris, passando pelo Hermitage de São Petersburgo), o seu depósito no Metropolitan, “de uma penada isto põe o 'Met' na vanguarda da arte do princípio do século XX”, como disse sem hesitações o director do museu, Thomas P. Campbell. São cinco mil anos de arte armazenados no "Met", “mas há muito que faltava esta dimensão essencial na história do modernismo. Agora, o cubismo será representado por algumas das maiores obras-primas”.

Trata-se “de uma colecção irreproduzível, algo com que os directores de museus só podem sonhar”, e que será mostrada pela primeira vez no Outono de 2014. São 78 pinturas, Picassos, Légers, Braques e Gris em grandes quantidades e de grande representatividade artística e histórica – e uma história de investimento no mundo da arte (e numa Nova Iorque recheada de coleccionadores privados com tesouros em casa), visto que Lauder só procurava e comprava cubismo ao longo de 37 anos; muitas vezes em períodos em que o mercado valorizava mais outros movimentos artísticos.

E, assim, foi gastando pouco dinheiro (à escala de um milionário e da ideia de sair de casa para comprar um… Picasso). Porquê uma colecção cubista? “Gostava da estética”, disse Lauder simplesmente ao The New York Times. E na altura “ainda havia muita coisa disponível, porque ninguém os queria”. Metade destas 78 obras corresponde ao período seminal de 1909-14, em que Braque e Picasso trabalhavam juntos e fundavam um movimento.

Entre as obras que agora passam a residir junto ao Central Park estão Notre avenir est dans l’air (1912), Eva (1913) ou Vive la France (1914-15), de Picasso; Coupe à fruits et verre (1912) ou Le Violon Mozart Kubelick (1912), de Braque. Juntam-se-lhes Les maisons sous les arbres (1913) e Composition (Le typographe) (1917-18), de Ferdinand Léger, e Portrait de la mère de l’artiste (1912) e L’homme au Café (1914), de Juan Gris.

Um dos mais generosos de sempre
Além do valor cultural e patrimonial da colecção que agora é depositada no "Met", o milionário Leonard A. Lauder torna-se também um dos mais generosos homens de sempre. Segundo as contas da revista Forbes, ele está entre as únicas 23 pessoas que doaram mais do que mil milhões de dólares, acompanhado por Bill Gates, George Lucas, Michael Bloomberg ou Warren Buffett. O acto faz com que a sua fortuna perca 13,5% do valor, estimada agora na casa dos cinco mil milhões de euros.

“Escolhi o 'Met' como forma de partilhar esta colecção porque sinto que é essencial que o cubismo – e a arte que lhe sucede – seja visto e estudado no âmbito das colecções de um dos melhores museus enciclopédicos do mundo”, diz Lauder na mesma nota do Metropolitan, acrescentando que Nova Iorque – e a ilha de Manhattan, mais precisamente – se reforça assim como um dos centros mais importantes da arte do século XX graças às colecções do Whitney (de cuja administração faz parte), do MoMA e do Guggenheim.

Graças à doação, que foi estudada e negociada com facilidade, como contaram as partes ao The New York Times, ao longo dos últimos anos, a vontade de Lauder será cumprida – ele só queria que a colecção fosse “transformadora” de uma instituição, não colocando quaisquer condições para os moldes da exibição ou uso posteriores.

E eis que os 33 Pablo Picasso, 17 Georges Braque, 14 Juan Gris e 14 Ferdinand Léger vão dar origem a um novo Centro de Investigação de Arte Moderna no Met, que teve 6,1 milhões de visitantes em 2012 – só ultrapassado pela campeã de visitas Mona Lisa, no Louvre (9,7 milhões). O novo centro será financiado em 22 milhões de dólares, vindos dos mecenas do museu, entre os quais Leonard Lauder, indica o "Met" em comunicado enviado terça-feira à imprensa.

Notícia corrigida às 12h19 - Leonard A. Lauder é filho de Estée Lauder e não neto.
 
 
 
 

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