Portugal é independente no vinho mas muito dependente do exterior nos cereais
Auto-suficiência alimentar do país situa-se nos 81%, com grandes disparidades. É excedentário em vinho mas depende do estrangeiro para os cereais e oleaginosas.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), que analisa os dados para o período de 2006 a 2010, os produtos agrícolas onde Portugal é praticamente independente do exterior são o azeite, as hortícolas, os ovos e os frutos secos. No vinho é excedentário. A maior dependência do estrangeiro surge nos cereais e oleaginosas.
Já no que diz respeito à indústria alimentar, os portugueses conseguem garantir o seu abastecimento no caso dos frutos e hortícolas transformados e é excedentário em conservas de peixe. Mas a indústria da pesca é ainda escassa para a procura pois Portugal tem de importar mais de metade do que consome no que toca a peixe congelado, seco e salgado.
Outro sector com grande dependência do exterior é o dos cereais, que representam, em valor, 42,4% das compras no estrangeiro de bens agrícolas. “A produção nacional é pouco competitiva no sequeiro mas tem margem de progressão no regadio, particularmente para a cultura do milho. Relativamente às oleaginosas, a situação altamente deficitária dificilmente será corrigida, dado que as condições edafo-climáticas nacionais não são favoráveis à produção das principais oleaginosas (soja e colza)”, explica o INE
O valor médio anual da produção agrícola situou-se próximo dos 7000 milhões de euros entre 2006 e 2010 crescendo 1,2%, em média, por ano. O azeite e o vinho valem praticamente um quarto do valor total da produção, enquanto a pecuária vale outros 23,3%.
“As transacções dos produtos agrícolas entre 2006 e 2011 representaram, em média, 4,1% do valor global das importações e 3,2% das exportações. O saldo da balança comercial deste tipo de produtos apresentou um défice de 1,3 mil milhões de euros e uma taxa de cobertura de 48,4%”, adianta ainda o INE.
As trocas comerciais de produtos agrícolas fazem-se sobretudo com países da UE. Os principais fornecedores são Espanha e França, os mesmos mercados para o país exporta mais. Dos EUA e Canadá chegam ao país essencialmente sementes de oleaginosas e cereais.