PS diz que Passos Coelho "não percebe nada" do que se passa na economia

Socialistas esperam que projecções do Banco de Portugal levem o Governo a rever a sua posição sobre o salário mínimo.

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Banco de Portugal confirmou esta terça-feira recessão de 2,3%. Daniel Rocha

Verifica-se um “agravamento da recessão, quando ainda se está no primeiro trimestre do ano, ficando assim tão longe a queda de 1% do PIB (produto interno bruto) estimada inicialmente pelo Governo”, afirmou o deputado Pedro Marques, depois de o Banco de Portugal ter revisto em baixa as projecções para o desempenho da economia este ano, com uma descida de 2,3%.

“Estes números confirmam o contexto de forte queda da procura interna e confirmam que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, não percebe nada do que se está a passar neste momento na economia portuguesa”, acusou o deputado.

“Quando o primeiro-ministro diz que é um presente envenenado a possibilidade do aumento do salário mínimo nacional, tal é não perceber o que está a acontecer com a procura interna”, justificou o ex-secretário de Estado socialista.

O deputado do PS contrapôs que a actual conjuntura económica e financeira determinava a exigência de “outras políticas” e que, por exemplo, “o Governo acompanhasse as negociações com os parceiros sociais para o aumento do salário mínimo nacional”.

“Talvez agora, com as projeções do Banco de Portugal, o Governo possa rever a sua posição [sobre o aumento do salário mínimo nacional]. Verifica-se também uma falta de medidas para o apoio ao investimento”, apontou Pedro Marques, numa alusão ao facto de o investimento ter caído cerca de 30% em dois anos, havendo igualmente indícios de que este indicador seguirá idêntica trajectória em 2013.

Ainda de acordo com Pedro Marques, o Banco de Portugal, nas suas projecções sobre a evolução da economia portuguesa, está advertir que, se o Governo adoptar medidas adicionais de austeridade (metade dos quatro mil milhões de euros em cortes), o país ficará novamente numa situação “praticamente de estagnação” em 2014.

“Mesmo para chegar a uma situação de estagnação, o Banco de Portugal está a acreditar bastante na recuperação da procura externa, ou seja, na recuperação da economia europeia. Mas, com esta política europeia, com este espalhar de austeridade por toda a Europa como se fosse uma mancha de óleo, é muito difícil perceber onde se encontram os fundamentos para essa recuperação da economia europeia”, acrescentou Pedro Marques.