Bala Certeira

Não é dispiciendo ter atrás da câmara um senhor como Walter Hill - o autor de O Lutador da Rua, 48 Horas, Estrada de Fogo, O Bando de Jesse James ou Estado de Guerra e um dos poucos cineastas de acção pós-Don Siegel ainda em actividade a saber “como é que se faz”. Mas o encontro de Hill com Sylvester Stallone, outro “sobrevivente” dos excessos da década de 1980, está demasiado marcado pela nostalgia impossível desses tempos mais simples do cinema de acção. A história de um assassino contratado que une forças com um detective de Washington para desmantelar um gangue de Nova Orleães com ramificações políticas bem quer recuperar o tempo perdido, mas não é possível voltar atrás e Bala Certeira desintegra-se à medida que se percebe que não há argumento (nem orçamento) para sustentar o desejo. O realizador não desaprendeu de filmar, é certo, e continua a saber gerir acção melhor que quase toda a concorrência mais jovem, e Stallone chega aqui e ali suficientemente perto do que ficou para trás para entrever um outro filme. Mas é penoso perceber que Bala Certeira é uma mera “prova de vida” para um director que merecia francamente melhor.

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