Versão final do genoma dos Neandertais posta na Internet

Os Neandertais e os Denisovanos, um grupo de humanos revelado ao mundo apenas no final de 2010, reproduziram-se com a nossa espécie, os humanos modernos. Espera-se que a comparação dos três genomas traga novidades em breve.

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Reconstituição de um grupo de neandertais JOHANNES KRAUSE/ATELIER DAYNES, PARIS

A equipa de Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva de Leipzig, Alemanha, já tinha apresentado em 2010 uma primeira versão da leitura das letras que compõem o genoma dos Neandertais. Essa leitura baseou-se em ADN de três pedaços de osso de três mulheres neandertais, que tinham sido encontrados numa gruta na Croácia entre o fim dos anos de 1970 e início de 1980. Com esse ADN, a equipa reconstituiu cerca de 60% dos três mil milhões de pares de bases (ou “letras”) do genoma dos Neandertais.

Agora, a equipa de Pääbo apresentou uma versão de alta qualidade do genoma dos Neandertais através de ADN extraído de 0,038 gramas retirados de um osso do pé, descoberto em 2010 na gruta Denisova, na Sibéria. Na versão de 2010, a posição de cada uma das quatro “letras” (pequenas moléculas) com que se escreve o genoma foi determinada uma vez, em média. Na última versão – em http://www.eva.mpg.de/neandertal/index.html e que terá uma análise publicada no final do ano numa revista científica –, cada letra foi determinada mais de 50 vezes, o que permite que mesmo pequenas diferenças entre as cópias de genes que este neandertal herdou da mãe e do pai possam ser distinguidas, explica um comunicado do Instituto Max Planck.

Além de compararem o genoma deste neandertal com os dos outros, os cientistas estão a fazer comparações com o genoma dos Denisovanos, um grupo de humanos revelado em Dezembro de 2010 e que viveu entre há 30 mil a 50 mil anos na Sibéria e Sudeste asiático. Tanto os Neandertais como os Denisovanos já não existem, mas ambos se reproduziram com a nossa espécie, os humanos modernos. Os Neandertais terão deixado um contributo de até 4% no nosso genoma e os Denisovanos até 6% nalgumas populações actuais.

“Teremos assim mais pistas de muitos aspectos da história dos Neandertais e Denisovanos e aperfeiçoaremos o conhecimento sobre as mudanças genéticas ocorridas no genoma dos humanos modernos desde que se separaram dos antepassados dos Neandertais e Denisovanos”, diz Svante Pääbo.  
 
 

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