Cinco associações de estudantes convocam protesto

A manifestação marcada para 21 de Março em Lisboa visa contestar redução do financiamento estatal ao superior.

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A manifestação da próxima semana parte às 15h do Marquês de Pombal Nuno Ferreira Santos

O documento é assinado pelas associações de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Univerisdade Nova de Lisboa, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, do Instituto de Gestão e Ordenamento do Território, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto e da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

No comunicado, as associações apelam a que "todos os estudantes e aqueles que os representam se vinculem, porque apenas convergindo representamos efectivamente os estudantes e os seus direitos”.

"Defenderemos o direito à educação onde ele foi conquistado. É sempre nas ruas que se vencerá o braço de ferro. Não nos demitimos de lutar pelo destino das nossas vidas", lê-se no manifesto aprovado pelas associações.

Os subscritores do documento pretendem “lutar para que mais nenhum estudante tenha de sair do Ensino Superior pela sua condição económica e para que mais nenhum tenha de se endividar”.

De forma a assegurar o direito à educação para todos os jovens, as associações de estudantes (AE) propõem um financiamento efectivo por parte do Estado destinado ao Ensino Superior, um reforço da Acção Social Escolar e a extinção de serviços privados. Pedem ainda mais democracia nos órgãos de decisão das faculdades e o fim daquilo que dizem ser ingerências relacionadas com a gestão das instituições, seguindo interesses que não os dos estudantes.

Sofia Lisboa, presidente da AEFCSH, justifica o protesto enquanto manifestação pública do descontentamento dos estudantes face aos anunciados cortes no financiamento estatal e às políticas governamentais para o sector. “Sabendo dos cortes que se avizinham, que vão também tocar ao ensino superior, temos de estar na frente das manifestações”, declara.

A presidente da AE diz ter conhecimento de alunos que já não conseguem fazer as três refeições diárias, por falta de fundos. Há ainda casos de alunos com dificuldades em se deslocarem de casa para as faculdades, devido à extinção do desconto universitário no passe.

Os alunos não são os únicos afectados — as instituições académicas também revelam dificuldades que se reflectem numa degradação das condições materiais e humanas. “As faculdades têm de arranjar em todo o lado algum dinheiro para se financiarem e para não fecharem as portas”, diz Sofia Lisboa.

A concentração está marcada para as 15h no Marquês de Pombal, seguindo depois o protesto para a Assembleia da República.

Esta decisão surgiu na sequência do Encontro Nacional de Direcções Associativos (ENDA) do Ensino Superior, que decorreu no passado fim-de-semana, em Setúbal. A manifestação foi uma tomada de posição destas cinco associações, não tendo o documento sido votado por todas as AE presentes no ENDA.

No Encontro, foi votada uma acção reivindicativa para dia 24 de Março. Para este efeito foi criada uma comissão que irá deliberar, até dia 20, quais os contornos desta acção.

 

Notícia corrigida às 17:15 : Acrescenta quais as associações envolvidas no protesto de 21 de Março e informação sobre a acção reivindicativa marcada para dia 24.

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