Quebra nas exportações faz cair PIB no quarto trimestre

INE justifica agravamento da recessão no quarto trimestre com queda nas exportações, mas assinala resultados positivos no investimento.

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Há muito a fazer no relacionamento comercial Paulo Ricca

Em 2012, a economia portuguesa retirou menos proveitos do sector exportador, já que o crescimento das exportações se atenuou. O contributo positivo das exportações para o PIB nacional caiu para os 3,9 pontos percentuais no total de 2012, quase um ponto percentual abaixo do benefício de 4,7 pontos de 2011. “Este resultado deveu-se à desaceleração das exportações de bens e serviços, que passaram de uma taxa de variação de 7,2% em 2011, para 3,3% em 2012”, lê-se no boletim publicado nesta segunda-feira pelo INE.

Já havia sido anunciado que as exportações sofreram uma queda nominal de 3,2% em Dezembro, em termos homólogos, o que fazia prever que as razões do agravamento da recessão no final de 2012 se prendessem com este factor. O boletim divulgado nesta segunda-feira revela que, em termos reais, as exportações caíram 0,5% no último trimestre.

Em relação à primeira estimativa, divulgada em Fevereiro, este boletim apresenta os dados do consumo e exportações, que justificam a maior queda trimestral do PIB nas últimas décadas. A procura externa líquida sofreu nos últimos meses de 2012 com o agravamento da recessão económica na zona euro. Este indicador, que regista as exportações líquidas das importações nacionais, aumentou apenas 1% durante o último trimestre, quando crescera 7,7% no mesmo trimestre de 2011.

A contribuir para este resultado está igualmente a diminuição menos acentuada nas importações, que, no mesmo quarto trimestre de 2012, caíram 3,1%, o valor mais baixo de 2012. No mesmo período de 2011, as importações haviam sofrido uma queda de 13,4%.

O ano de 2012 viu uma melhoria significativa na balança comercial, reduzindo o défice para 0,5% no total do ano. Em comparação com 2011, quando o défice comercial se encontrava nos 4,4% do PIB, a redução é de quase quatro pontos percentuais.

Também a capacidade líquida de financiamento da economia portuguesa caiu para os 0,4% em 2012, vinda dos 5,6% registados em 2011. "Esta evolução deveu-se, em larga medida, à melhoria do saldo externo de bens e serviços e do saldo dos rendimentos primários", explica o INE, no relatório publicado nesta segunda-feira.

Investimento melhora procura interna

Mas o desempenho económico do final de 2012 apresenta um ponto positivo. O investimento caiu apenas 2,6% no quarto trimestre, em comparação com o mesmo período de 2011. Esta queda é significativamente inferior às quebras homólogas de 15,1% no primeiro trimestre, 20,8% no segundo e de 14,4% no terceiro trimestre.

Com uma queda menos agravada do investimento, os dados da procura interna melhoraram nos últimos três meses de 2012. No quarto trimestre, a procura interna caiu 4,7%, menos 2,4 pontos percentuais do que a queda no trimestre anterior, tornando-se assim na marca menos negativa de todo o ano.

O panorama da procura interna beneficiou também de uma queda ligeiramente mais ténue no consumo privado, que caiu 5,3% no último trimestre de 2012, face aos 6% de queda no trimestre anterior. Já o consumo público apresentou a mesma quebra de 4,7% registada no terceiro trimestre.

Em todo o caso, e apesar da melhoria da procura no último trimestre, os dados da procura interna do total de 2012 são mais negros do que os do ano anterior. Em 2011, a procura interna caiu 5,8%, enquanto em 2012 esta dimensão sofreu uma quebra um ponto percentual superior, ou seja, 6,8%.

Para além disso, os resultados menos graves do investimento do último trimestre são uma excepção no total do ano. Tanto é assim que a queda do investimento de 2012 foi semelhante à de 2011 (13,7% em 2012 contra 13,8% no ano anterior).

Emprego caiu 4,2% em 2012

No registo anual, o emprego caiu 4,2% em 2012. A quebra do emprego é significativamente superior aos 1,5% registados em 2010 e 2011.

Ao todo, o INE registou 4,655 milhões de portugueses empregados. Este valor tem sofrido uma queda sucessiva desde 2008, ano em que foram registados 5,147 milhões de empregados. Comparando directamente 2012 com 2011, o INE registou menos 205.600 empregados.

Notícia corrigida às 14h30

A queda real de 0,5% nas exportações só foi divulgada nesta sexta-feira.
 
 

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