No Twitter, as reacções à política são negativas e extremadas

Estudo do Pew Research Center sobre oito acontecimentos políticos seguidos através da rede social de microblogging.

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A reeleição de Obama foi um dos acontecimentos que mais tweets teve nos Estados Unidos LIONEL BONAVENTURE/AFP

Além deste acontecimento, o estudo, divulgado esta segunda-feira, analisou os tweets publicados sobre, por exemplo, o primeiro discurso de Obama após a reeleição, a sua intervenção sobre o estado da União ou ainda a legislação na Califórnia sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo.

Dos oito temas, o que teve mais volume de tweets foi a eleição para um segundo mandato de Obama. Dois dias após a reeleição, que ocorreu a 6 de Novembro de 2012, quase 14 milhões de tweets com reacções foram registados. Na lista dos acontecimentos políticos mais comentados segue-se o primeiro debate presidencial entre Obama e o seu adversário na corrida à Casa Branca, o republicano Mitt Romney, a 4 de Outubro de 2012, com mais de cinco milhões de tweets. Nos últimos dois lugares da lista de oito indicada pelo Pew Research Center surgem a legislação na Califórnia sobre o casamento homossexual e a possibilidade de John Kerry ser o próximo secretário de Estado da equipa de Obama, com 533.211 e 70.842 tweets, respectivamente.

Estes dados poderiam ser um indicador sobre como os norte-americanos respondem a diferentes acontecimentos, mas o estudo concluiu que é forçado estabelecer uma correlação. Isto porque, “às vezes, a conversação no Twitter é mais liberal do que as respostas em inquérito, enquanto noutras ocasiões é mais conservadora”. “Frequentemente, é a negatividade que predomina”, acrescenta o Pew Research Center.

Para explicar esta conclusão, o estudo indica que ao compararmos a reacção dos norte-americanos à reeleição de Barack Obama obtida através de inquéritos de opinião e manifestada através do Twitter verifica-se que no primeiro caso 52% dos consultados afirmaram estar “felizes” com um novo mandato, uma percentagem que sobe para 77% quando expressa em tweets. Quanto aos que não ficaram satisfeitos com a manutenção de Obama na Casa Branca, em inquérito, 45% assumiram o seu descontentamento, enquanto no Twitter 23% das reacções eram de pessoas “infelizes” com a reeleição.

Neste tipo de análise feita a oito acontecimentos políticos, o estudo concluiu que, em alguns casos, a reacção no Twitter foi mais pró-democrata ou liberal que o balanço obtido através de opinião pública em inquéritos. O Pew Research Center utiliza como um dos exemplos a reeleição de Obama. No Twitter a reacção a esta notícia foi maioritariamente positiva: 77% a favor versus 23% contra. Os resultados de inquéritos feitos à opinião pública revelam, por sua vez, que 52% dos norte-americanos ficaram “felizes”, contra 45% que se manifestaram “infelizes”.

Outro exemplo foi a confirmação, em Fevereiro, que a lei californiana que bania o casamento homossexual tinha sido considerada inconstitucional. No Twitter a reacção a esta notícia foi muito mais positiva que negativa (46% contra 8%). No entanto, quando falamos em resultados de sondagens, a reacção é diferente, com 44% a contestar a decisão do tribunal e 33% a apoiá-la.

Reacções mais conservadoras
Noutros casos, as reacções no Twitter são mais conservadoras que o que é manifestado nas ruas. No caso do discurso sobre o estado da União, as palavras de Obama foram bem recebidas por 42% dos inquiridos, contra 27% de pouco entusiastas, enquanto na rede social de microblogging o discurso teve uma recepção negativa em 40% dos tweets analisados, o dobro de que recebeu como positivas as palavrad de Obama.

Em dois dos acontecimentos políticos analisados revelam-se resultados semelhantes quando se fala em dados obtidos por sondagem ou expressos no Twitter - a escolha de Paul Ryan para vice-presidente de Mitt Romney e a decisão do Supremo Tribunal em aprovar a reforma da saúde proposta por Barack Obama. No primeiro exemplo, a escolha de Paul Ryan para vice de Romney teve uma reacção mais negativa do que positiva, tanto junto da opinião pública como no Twitter. No segundo exemplo, um inquérito nacional concluiu que 36% receberam bem a decisão do Supremo, contra 40%, um resultado semelhante quando analisados tweets sobre o mesmo assunto. 

O estudo considera que a disparidade de resultados “reflecte o facto de aqueles que recebem notícias através do Twitter – particularmente os que publicam tweets com conteúdo noticioso – serem muito diferentes demograficamente do público”. O Pew Research Center sublinha que os utilizadores do Twitter não representam o público. São na sua maioria mais jovens e com mais probablidade de se identificarem com os democratas. 
 

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