“Estou a desenvolver o argumento de Kubrick para o adaptar a uma série de televisão – não um filme – sobre a vida de Napoleão”, disse Spielberg, sem desvendar nenhum outro pormenor do projecto, a não ser que tem estado a trabalhar em ligação com a família do realizador desaparecido em 1999. Não é inédita esta aproximação entre o cinema de Spielberg e o património de Kubrick, já que com A.I. - Inteligência Artificial Steven pegara também num projecto quer Stanley nunca chegara a concretizar.
Napoleão, visto pelo realizador de 2001 – Odisseia no Espaço, já foi apelidado como “o maior filme nunca realizado”. É este, de resto, o título do livro de grande formato editado em 2011 pela Taschen, e que reúne toda a correspondência, textos, fotografias e demais documentos relativos ao projecto em que Kubrich trabalhou durante anos, mas que veria abortado no início da década de 1970 devido à recusa de financiamento por parte dos estúdios de Hollywood.
A exposição dedicada a Stanley Kubrick pela Cinemateca Francesa em Paris, em 2011, incluía, por exemplo, um enorme armário-biblioteca cheio de livros sobre a vida do imperador francês, que mostrava o interesse quase obsessivo do autor de Laranja Mecânica por aquele protagonista da História. É também conhecida a mensagem que enviou em 1971 aos responsáveis pelo estúdio a quem tinha apresentado o projecto de Napoleão: “É impossível dizer-lhe o que é que vou fazer, apenas que espero realizar o melhor filme de todos os tempos”.
O trabalho de pré-produção de Napoleão tinha incluído contactos de Kubrick com os actores austríaco Oskar Werner (que fizera com François Truffaut Jules e Jim e Fahrenheit 451) e a americana Audrey Hepburn (para quem tinha destinado o papel da imperatriz Josefina). E o realizador francês Andrew Birkin, que fora seu assistente em 2001 – Odisseia no Espaço, foi enviado à ilha de Elba e a outros lugares míticos, como Austerlitz e Waterloo, para fazer fotografias e repérages tendo em vista a rodagem de Napoleão.
Estará o Napoleão de Spielberg – que em Maio vai presidir ao júri do Festival de Cannes – à altura da ambição de Kubrick? Parece que vamos ter de esperar ainda algum tempo para ver, já que, a acreditar na informação do site The Internet Movie Database, o realizador de A.I. - Inteligência Artificial tem em mãos, até 2015, entre realizações e produções, para o grande como para o pequeno ecrã, uma dezena de projectos, entre os quais se encontram sequelas de Parque Jurássico e de As Aventuras de Tintin, além do projecto de ficção científica Robopocalypse.