Radiação aumenta um pouco os riscos de cancro para as crianças de Fukushima

Novo relatório da Organização Mundial de Saúde não encontra efeitos significativos do acidente nuclear sobre a saúde dos japoneses que viviam na zona mais próxima da central

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Mais de 110 mil pessoas foram retiradas da região de Fukushima Ken Simizu/AFP

Foram evacuadas cerca de 110 mil pessoas que viviam num raio de 20 quilómetros em torno da central, e a zona de segurança foi depois alargada para 30 quilómetros. Cerca de 160 mil pessoas abandonaram as suas casas. A central explorada pela TEPCO foi inundada pelo tsunami que se seguiu ao enorme sismo que atingiu 9 graus na escala de Richter, cujo epicentro foi apenas a 180 quilómetros da central. Os reactores ficaram descontrolados, porque o sistema através do qual eram arrefecidos deixou de funcionar, logo que a electricidade foi cortada, após a inundação da central. Nuvens de vapor radioactivo saíram da central, e água com elementos radioactivos extravasou das instalações e misturou-se com a água do mar, contaminando a vida marinha.  

O relatório da OMS preocupa-se sobretudo com as pessoas das zonas que sofreram o maior impacte da radiação da central acidentada – as que sofreram a influência das plumas de vapor e elementos radioactivos que foram libertadas pelos reactores de Fukushima.

O comité de peritos reunidos pela Organização Mundial de Saúde calcularam que nas regiões mais afectadas seriam as crianças do sexo feminino que veriam aumentar mais os riscos de vir a sofrer de cancro durante toda a sua vida, em 4%. O risco de virem a sofrer de cancro da mama ao longo da vida sobe 6%.

O tipo de cancro que os meninos japoneses expostos à radiação de Fukushima correm mais riscos de vir a sofrer é a leucemia: o risco sobe 7%.

O possível aumento da incidência de um tipo de cancro raro, o da tiróide – que disparou após o acidente nuclear de Tchernobil, na Ucrânia – é uma preocupação. Prevê-se que o risco de vir a sofrer deste cancro suba 70% nas crianças do sexo feminino expostas nas zonas com maior radioactividade no Japão. Mas o risco normal, durante toda a vida, é de 0,75%, mas com o risco adicional aumenta para 1,25%, sublinha o comunicado da OMS sobre o relatório.

“São aumentos proporcionais muito pequenos”, comentou à Associated Press Richard Wakeford, da Universidade de Manchester (Reino Unido), um dos autores do relatório da OMS. “Os riscos adicionais são muito pequenos e provavelmente serão escondidos pelo barulho de outros riscos de cancro, como as escolhas de estilo de vida que as pessoas fazem e outras flutuações estatísticas”, comentou. “É mais importante não começar a fumar do que ter estado em Fukushima”. 
 

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