Antes de ser um franchise, Die Hard foi só um filme, um dos mais desopilantes filmes de acção do final dos anos 80, capaz de criar um modelo de action hero que trazia qualquer coisa de novo - e de salutarmente “desviante” - face aos precedentes estabelecidos por Stallone ou Schwarzenegger.
Era a verve contra a força bruta. Ao leme estava John McTiernan, e também ele, ou sobretudo ele, provava que o “espírito” (no sentido francês do termo) podia casar com a acção, e que a acção, para além da pancadaria e das explosões, podia ser um exercício de matemática lúdica, ou mesmo burlesca (um homem em guerra com um cenário, Buster Keaton on steroids). Tudo isto para dizer: a coisa com Die Hard nunca foi uma coisa com um franchise, foi uma coisa com os filmes realizados por John McTiernan, o primeiro e o terceiro de uma série que já vai em cinco e com a qual McTiernan já nada tem a ver. Este quinto tomo é descoroçoante. Continua a apostar - como o filme anterior, muito mais visível do que este - no envelhecimento da personagem de McClane, mas sem a melancolia dos heróis envelhecidos dos Expendables de Stallone (onde, aliás, Willis aparece mais “McClane” do que aqui).
E prepara-se a sucessão, com the son of John McClane (Jai Courtney) a assumir-se como potencial continuador do franchise. O realizador é John Moore, que não tem pinga da elegância, ou do humor, de McTiernan. As cenas de acção são banais e nem o “choque cultural” (a Rússia) espicaça as coisas para além de meia-dúzia de apartes previsíveis. É o pior filme da série, a pedir meças ao episódio (o segundo) realizado por Renny Harlin (Assalto ao Aeroporto). E entretanto, McTiernan prepara-se para recolher à prisão, envolvido num imbróglio judicial. A vida, de facto, é hard.