Papa que renunciou antes de Bento XVI saiu para acabar com o Grande Cisma do Ocidente

É preciso recuar seis séculos para encontrar o anterior caso de abdicação de um Papa.

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Gregório XII DR

Eleito num contexto de disputas, pontífice entre 30 de Novembro de 1406 e 4 de Julho de 1415, Angelo Correr coabitou, não em simultâneo, com quatro diferentes "anti-Papas", que punham em causa o poder de Roma, explicou ao PÚBLICO o cónego Manuel Gonçalves, especialista em Direito Canónico. Afastou-se, durante o concílio de Constança, como parte da solução para pacificar a Igreja Católica.

A divisão entre católicos que obedeciam ao Papa de Roma e ao "anti-Papa" de Avignon, fomentada por interesses políticos, e tendo como pano de fundo a Guerra dos Cem Anos, ganhou forma em 1378. Só seria ultrapassada com a eleição do sucessor de Gregório XII , Martinho V, escolhido em 1417 e reconhecido por todos como "Papa legítimo".

O conflito ganhou forma quando, em 1377, Gregório XI, com a oposição da França e de diversos cardeais, decidiu regressar a Roma, de onde a Cúria tinha saído sete décadas antes para Avignon, por influência de Paris.

Alguns dados da vida de Angelo Correr, nascido em Veneza, têm diferentes versões. Desde logo a data de nascimento: na Enciclopédia Brittanica diz-se que foi por volta de 1325, a Grande Enciplopédia Portuguesa e Brasileira refere 1327. Antes de liderar a Igreja Católica, Correr tinha sido bispo de Castello, nos chamados Estados Papais, e patriarca latino de Constantinopla.  Manteve-se como cardeal até à sua morte, em Outubro de 1417, em Recanalli.

O primeiro caso de renúncia de um “Papa legítimo” é o de  Celestino V, nome de Pietro de Morrone, ou Pietro del Murrone, que viveu entre 1215 e 1296. Eremita escolhido para ocupar um vazio que se prolongava há dois anos, manifestou inaptidão para jogos de poder e renunciou poucos meses depois de ter sido eleito em 1294.  Foi canonizado em 1313 e ficaria conhecido como S. Celestino.
 
 
 

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