Portugal é o país que mais perdeu espectadores de cinema na Europa em 2012

Sul da Europa cai, países nórdicos crescem e importância da produção nacional é determinante, diz o Observatório Europeu do Audiovisual.

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As salas de cinema foram as que mais perderam espectadores na Europa Pedro Cunha

Segundo o relatório, que no caso português cita os números ainda provisórios do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA) divulgados em meados de Janeiro, no geral a afluência de público às salas de cinema caiu 0,9% na Europa, sendo a quebra maior quando falamos dos países da União Europeia – 2,4%. O país com a segunda maior diminuição de frequência das salas foi Itália, que perdeu 9,9% dos ingressos. A tendência de quebra nos países da União Europeia é uma constante desde 2009, confirma o Observatório.

2012 foi então o ano em que os espectadores portugueses menos foram ao cinema em comparação com o resto da Europa. E em que a Europa caiu face à subida de 5,6% de ingressos nos EUA, que bateram mesmo recordes de receitas de bilheteira, e face ao crescimento do agora segundo maior mercado de cinema do mundo, a China (mais 33% nas vendas de bilhetes do que em 2011). Os países do Sul da Europa foram os grandes perdedores: as vendas de bilhetes em Portugal caíram 12,3%, em Itália 9,9% e em Espanha 6,5%. Segundo o relatório enviado às redacções, “o declínio no Sul da Europa reflectiu a falta de êxitos locais e a recessão económica mais alargada. As taxas mais elevadas de pirataria online também podem ter contribuído” para a quebra. A Eslovénia também sofreu uma quebra significativa, com menos 8,3% idas ao cinema, e mesmo França perdeu 5,9%.

O reverso da medalha está a Norte: na Rússia venderam-se mais 5,8% bilhetes e na Finlândia houve um aumento de 19% nas idas ao cinema. Ainda assim, também na Turquia houve crescimento, mais 3,9% de ingressos nas salas.

Portugal é o país que mais perdeu em termos de número de bilhetes vendidos, mas no que toca a receitas de box-office comporta-se um pouco melhor: a quebra mais acentuada é a da Eslovénia (8,3%), seguida de perto por Itália (8%) e depois os 7,6% de perda de receitas – que corresponderam a um encaixe de menos seis milhões de euros em relação a 2011, de acordo com dados do ICA. Melhor ainda é a situação da parcela de mercado que corresponde ao cinema português exibido em Portugal, que cresceu 4,8% em relação a 2011, acompanhada pela Finlândia (10,8%) e Espanha (3,5%).

A conclusão do Observatório Europeu do Audiovisual é que os dados do ano passado “ilustram uma vez mais a volatilidade do mercado cinematográfico e o impacto do sucesso nacional nos resultados anuais”. E exemplifica: “Oito dos 12 filmes mais vistos na Turquia foram filmes turcos” e o mesmo tipo de fenómeno aconteceu na Finlândia, Noruega e Dinamarca. 

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