Quadro Liberdade de Delacroix foi vandalizado mas já está restaurado
Se há quadros icónicos, que fazem parte do imaginário colectivo, A Liberdade Guiando o Povo, de Eugène Delacroix, é claramente um deles. Esta pintura que evoca o ímpeto revolucionário francês, em exposição na extensão do Museu do Louvre em Lens, foi vandalizada na quinta-feira ao fim da tarde, mas os efeitos deste acto cujas motivações estão ainda por apurar já foram apagados.
Esta sexta-feira ao início da manhã o museu dizia já, em comunicado, que à primeira vista "a inscrição superficial" poderia ser "apagada facilmente”. A pintura de Delacroix seria cuidadosamente analisada por uma perita em conservação do Louvre. Com base no diagnóstico que fosse feito, o museu decidiria se a obra deste grande mestre do romantismo francês poderia permanecer em exposição ou se teria de ser retirada para restauro em laboratório. Afinal, menos de 24 horas depois, ficou tudo resolvido.
A técnica e o director do departamento de pintura do Louvre, Vincent Pomarède, chegaram ao museu de Lens bem cedo e começaram a trabalhar. Umas horas depois, a conservadora restauradora dava-se por satifeita - as letras e números tinham sido completamente apagados.
A inscrição, garantiu o Louvre em novo comunicado, "foi integralmente retirada": "A integridade da obra em nada foi afectada, a inscrição era superficial e limitou-se à superfície de verniz, não afectou a camada pictórica."
Delacroix e o 11 de Setembro?
A responsável por este acto de vandalismo, cuja identidade não foi divulgada, não quis comentar o significado da inscrição, nem a hipótese avançada de que estaria ligada a uma teoria conspirativa sobre os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.
A teoria surgiu porque “AE911” está ligada a uma petição online com o título Architects and Engeneers for 9/11 Truth (ae911truth.org). Nela “1768 arquitectos e engenheiros diplomados, e mais de 16421 cidadãos preocupados” exigem ao Congresso americano um inquérito verdadeiramente independente sobre o ataque às Torres Gémeas, em Nova Iorque, e ao Pentágono, em Washington.
Entretanto, a mulher de 28 anos, que permanece detida, deverá ser examinada por um psiquiatra, de acordo com o determinado pelo procurador local, Philippe Peyroux. Para este jurista encarregue de conduzir o processo, é preciso apurar se o acto de vandalismo foi motivado por um delírio conspirativo qualquer ou se é o reflexo de uma reivindicação concreta. “Tencionamos saber mais sobre esta pessoa”, disse Peyroux, citado pelo jornal francês Le Figaro.
Com Retrato de Balthazar Castiglione, de Rafael, e La Madeleine à la veilleuse, de Georges de La Tour, A Liberdade Guiando o Povo faz parte do conjunto de obras-primas que o Museu do Louvre fez deslocar a Lens para a inauguração da sua extensão na cidade, a 4 de Dezembro último. Para esta pintura de grandes dimensões (260X325 cm), que desde aí já foi vista por mais de 200 mil visitantes, Delacroix inspirou-se nos dias de 27, 28 e 29 de Julho, que marcaram a revolução de 1830, explica a AFP.
Estava previsto que este Delacroix, verdadeiro símbolo nacional que já serviu de referência à ilustração das velhas notas de 100 francos e inspirou Victor Hugo, ficasse em Lens até ao final de 2013, integrando uma exposição que inclui 200 pinturas, esculturas e peças de cerâmica que pertencem à colecção do museu parisiense, o mais visitado do mundo.
É a terceira vez que A Liberdade Guiando o Povo sai da sua sala à beira do Sena, onde habitualmente está exposta ao lado de A Jangada da Medusa, de Théodore Géricault. Até quinta-feira, nunca tinha sido atacada.
Notícia actualizada às 15h45