Russos estendem proposta pelos estaleiros de Viana até Março
Esta prorrogação foi apresentada ao Governo há cerca de 15 dias.
O representante em Portugal do grupo russo afirmou à agência Lusa que a RSI Trading "estendeu até ao início de Março" a "validade" da proposta formalizada em Novembro de 2012, e que entretanto expiraria, sublinhando que a nova data "não é um prazo-limite". "Estamos na corrida e vamos continuar. Mas esta incerteza não é nada positiva e vemos com preocupação a degradação das condições da empresa e da força anímica dos trabalhadores", explicou Frederico Casal-Ribeiro.
Esta prorrogação foi apresentada ao Governo há cerca de 15 dias e o representante do grupo russo admite que, "do lado do Estado português, é preciso saber se as condições do negócio se mantêm". A agência Lusa tentou obter uma posição sobre a eventual prorrogação da validade da proposta apresentada pelos brasileiros da Rio Nave, mas sem sucesso.
Além do impasse no processo de reprivatização, que deveria ter sido concluído em Dezembro, a preocupação prende-se com o contrato rubricado em 2011 entre os ENVC e a empresa de petróleos da Venezuela, por 128 milhões de euros, e que deverá ser "renegociado" pelo Governo português com as autoridades de Caracas, segundo o grupo russo.
Em Novembro, foram seleccionados para a última fase da venda dos estaleiros, com propostas vinculativas de compra de 95% do capital social da empresa, dois grupos, de capitais russos e brasileiros. O processo ficou entretanto parado devido a pedidos de esclarecimento apresentados pela Comissão Europeia ao Governo português, alegando dúvidas na atribuição de apoios estatais aos ENVC entre 2006 e 2010.
Além de garantirem uma solução para o ferryboat Atlântida, construído nos ENVC e rejeitado pelo Governos dos Açores, o grupo RSI Trading admite que a empresa, hoje com 625 trabalhadores, poderá a breve prazo ultrapassar a casa do milhar.
"Os estaleiros já tiveram mais de mil trabalhadores. Penso que esse número pode facilmente vir a ser de novo alcançado no médio prazo. É uma consequência normal do aumento do nível de encomendas e da produtividade", afirmou, em 2012, Frederico Casal-Ribeiro. Lembrou que a RSI Trading "conta" com os actuais trabalhadores dos ENVC, até porque, "aumentando a capacidade produtiva dos estaleiros", será "uma consequência natural aumentar a mão-de-obra e os níveis de empregabilidade".
Em caso de vitória neste negócio, o grupo russo pretende avançar com um plano de modernização para permitir "um aumento da produtividade e competitividade dos estaleiros", reconhecendo, por outro lado, "o elevado know-how dos trabalhadores".
A empresa RSI Trading integra a Corporação Financeira da Rússia, do magnata Andrei Kissilov, e a entrada no concurso da reprivatização dos ENVC insere-se nos planos de expansão do grupo.