Por 25 dólares, Linda Gray deu a perna a Mrs. Robinson no poster de A Primeira Noite
No programa de TV de Anderson Cooper, Linda Gray contou como estendeu a perna, tirou uma meia e assim, como body double, ficou a fazer parte da iconografia associada ao filme de Mike Nichols que teve Anne Bancroft como intérprete
Isto foi muito antes de Linda Gray ser a Sue Ellen Ewing da série televisiva Dallas. Mas não é propriamente uma novidade que reescreve a história. Só que reafirmada hoje sublinha esse movimento de notoriedade e esquecimento e depois fama outra vez... que faz parte da vida das “estrelas”: é que a actriz, de 72 anos, está de volta, através dos ecrãs de televisão, ao rancho de Southfork, juntamente com os membros vivos dos restantes Ewing. E por isso voltou a contar a petite histoire no show televisivo de Anderson Cooper.
Estava acompanhada por Patrick Duffy, outro Ewing, o irmão de J.R. (Larry Hagman, já falecido). Anne Bancroft “devia estar ausente naquele dia” de rodagem, disse Linda Gray, e por isso, por 25 dólares, numa sessão fotográfica que demorou uma hora e em que ela tinha apenas que fazer os gestos de tirar a meia, emprestou a perna para os materiais de promoção do filme. Que foi o papel, na verdade, que atirou Dustin Hoffman para o mundo. Dustin e os outros actores que, baixos, morenos, nervosos e neuróticos, começaram a conquistar Hollywood que, naqueles anos, não tinha alternativa senão deixar-se invadir pelo “novo”, já que o classicismo, com os seus corpos de actores talhados de um só golpe, tinha contado todos os seus dias.
Nesse filme Hoffman interpretou Benjamin Braddock, jovem licenciado mas fundamentalmente aborrecido, que regressava a casa dos pais em Los Angeles, vindo da Costa Leste, e que se deparava, na sua ausência de perspectivas, com a perna de Mrs. Robinson (Anne Bancroft) e a sua inquietação sedutora. Depois Benjamin interessar-se-ia mais pela filha de Mrs. Robinson, Elaine (Katharine Ross).
Hey, hey, hey...
Para esse filme e para essa personagem Simon & Garfunkel escreveram Mrs. Robinson e cantaram assim: And here's to you, Mrs. Robinson/Jesus loves you more than you will know (Wo, wo, wo)/God bless you please, Mrs. Robinson/Heaven holds a place for those who pray/ (Hey, hey, hey...hey, hey, hey). O genérico, já agora, foi pedido emprestado por Quentin Tarantino que o homenageou, talvez se possa dizer assim, no seu Jackie Brown.
Voltando à perna de Mrs. Robinson: depois dela, Linda Gray haveria de dar o corpo todo à personagem, na Broadway e no West End londrino, sucedendo a Kathleen Turner ou a Jerry Hall. E aí mostraria mais do que a perna, numa cena de nu, rápida cena de nu, que funciona como clou do espectáculo por quem se sente tentado por actrizes na forma mais madura da sua carreira. Mas se Gray foi confessando ao longo dos anos em entrevistas que lhe deu prazer revelar a uma série de homens que tiveram um pedaço do seu corpo, sob a forma de poster, nos dormitórios de colégio, admite que nunca lhe foi confortável fazer o nu, nunca lhe deu sensação de poder: 15 a 20 segundos que ela, contou, tentava reduzir a sete, obrigando os colegas de palco a dizerem as deixas de forma mais rápida. And here’s to you, Ms. Gray...