É um retrato em fuga, sempre mais interessante do que quando se imobiliza. O filme parece que vai cristalizar-se como história de “um caso humano”, a música até insiste nisso, facilitando a poética da mente liberta dentro de corpo prisioneiro (poliomielite), mas Seis Sessões tem o condão de evitar atolar-se nos buracos abertos. (Também se esquiva à comédia romântica, de novo apesar da música...) É claro que o que fica parece estar sempre a escapar-se-nos. E não é claro que a fuga, como uma linha de horizonte que promete sempre cada vez mais ao longe, seja um projecto controlado.
Eis a história de um homem que gostava das mulheres, como o título do filme de François Truffaut. Às tantas Seis Sessões também foge para as mulheres que gostaram desse homem. Nesse campo, e não só pelas (ex)posições de Helen Hunt, é um filme que apresenta variações de invioláveis retratos no feminino, o que é raro no mainstream americano de hoje e mais coisa muito dos anos 70 - talvez seja por isso que ao olhar para estas senhoras desfile um patrimómio do passado, de Jill Clayburgh a Diane Keaton, passando por Marthe Keller. Se calhar ninguém se lembra já...