Manuel Pizarro favorável à transformação da ADSE numa associação mutualista
Ex-secretário de Estado-Adjunto da Saúde apoia ideia do ex-ministro Correia de Campos.
"Acho que a ADSE precisa de uma reforma, porque não faz sentido que um país que tem um Serviço Nacional de Saúde para todos os cidadãos tenha um subsistema público com regras diferentes”, diz Manuel Pizarro, observando que “daqui não resulta que a ADSE tenha de acabar”.
Em declarações ao PÚBLICO, o ex-secretário de Estado, que participa nesta terça-feira no terceiro painel das Jornadas Parlamentares do partido que encerram ao início da tarde, explicou que “é possivel transformar a ADSE numa associação de direito privado, uma mutualista onde o facto de os trabalhadores e os reformados fazerem um desconto adicional possa garantir benefícios suplementares na medida desse desconto adicional”.
“Do meu ponto de vista, prioritário é que qualquer modificação seja precedida de um diálogo aberto com as organizações que representam os trabalhadores da administração pública. Assim, conseguiremos maior justiça no funcionamento da ADSE e da sua autosustentabilidade e asseguraríamos o envolvimento dos próprios trabalhadores num regime de protecção social complementar que eles próprios ajudariam a financiar”.
Quanto à posição defendida pelo dirigente nacional e coordenador do PS para a área da saúde, que numa entrevista ao Jornal de Notícias, na segunda-feira, preconizou a extinção da ADSE, dando origem a uma enorme polémica interna, Pizarro disse: “Quero interpretar as declarações de Álvaro Beleza como um contributo para um debate que está em curso no PS”.
Na entrevista, Álvaro Beleza revelou que um futuro Governo socialista acabará com a ADSE, argumentando tratar-se de um sistema “injusto”. Ao fim do dia de segunda-feira, Beleza justificava na sua página do Facebook ter expressado “opiniões pessoais” que não vinculam o partido, ao defender a extinção da ADSE e acusava a maioria PSD-CDS/PP e o ministro dos Assuntos Parlamentares de fazerem um “aproveitamento miserável” do caso, porque, frisou, tanto Miguel Relvas como o PSD e o CDS conhecem “muito bem” qual é a posição do PS. “A atitude do ministro Relvas mostra a sua dimensão de estadista”, declarou.
"Algumas dessas opiniões são coincidentes com as posições oficiais do PS e outras não", afirmou ainda Álvaro Beleza na mensagem colocada na sua página do Facebook. De resto, disse que respeita e sempre respeitou a posição do PS sobre a ADSE: "O PS tem, como sempre teve, uma única posição e muito clara sobre a ADSE. Essa posição não impede nenhum debate, nem limita nenhuma opinião".
Depois destas explicações, o partido, pela voz do vice-presidente da bancada socialista, José Junqueiro, reiterava a sua oposição à extinção da ADSE, enquanto subsistema de saúde dos funcionários públicos”, criticando o Governo e a maioria PSD-CDS/PP de procurarem criar um “fait divers” com este caso.
Ao ser questionado sobre qual a situação em que ficará Álvaro Beleza dentro da direcção do PS após a polémica em volta da extinção da ADSE, José Junqueiro afirmou que o secretário nacional com o pelouro da saúde já se comprometeu em "respeitar a posição do PS"."[Álvaro Beleza] sabe que é, desde sempre, essa a posição do PS e ele tem a sua própria [opinião], o que não é nenhum crime", salientou.
Já sobre o facto de o primeiro Governo de José Sócrates ter ponderado reformar a ADSE, o vice-presidente da bancada socialista explicitou que o PS “entende que o sistema de Reforma do Estado está em curso há longos anos (...) em áreas como a educação, a saúde ou nas novas gerações de políticas sociais”.