O único amigo activo da Coreia do Norte no Twitter é americano
A amizade entre Jimmy Dushku e o Governo da Coreia do Norte começou em 2010.
A conta oficial do Coreia do Norte no Twitter começou por seguir milhares de utilizadores, mas, a partir de 2010, houve uma limpeza drástica aos seguidores. Agora, a conta ao número de amigos é fácil de fazer, são apenas três: um fórum oficial da República Democrática Popular da Coreia (DPRK), um rapaz vietnamita sem actividade no micro-blogue desde Setembro de 2010 e Jimmy Dushku, um jovem investidor de 25 anos, originário de Austin, nos Estados Unidos. Jimmy não só é o único ocidental com este "privilégio", como não tem quaisquer ligações à Coreia, o que não deixa de ser uma surpresa no comportamento de um dos países mais fechados do mundo, onde não há liberdade de acesso à Internet.
A notícia foi avançada pelo site Mother Jones, a quem Dushku contou ter ficado surpreendido quando, em 2010, o seu perfil no Twitter ganhou um novo seguidor, a única conta oficial do Governo Coreia do Norte (denominado “uriminzok”, “a nossa nação”, em coreano).
“Inicialmente fiquei surpreendido, mas tento sempre fazer amigos com pessoas de diferentes lugares e culturas”, explicou Jimmy Dushku. “Por cortesia”, decidiu enviar uma mensagem a este site oficial de propaganda da Coreia do Norte. Escreveu em coreano. “Tem um bom dia, meu amigo.” e começou a amizade virtual que mais tem dado que falar nos meios de comunicação social e na blogosfera.
Para um americano de 25 anos, Jimmy Dushku também não tem um estilo de vida típico. Aos 14, tornou-se programador informático e nos anos seguintes decidiu investir o dinheiro que ganhou em propriedades e negócios na Europa, nos Estados Unidos, no Brasil e no Peru. Agora, conduz uma mota topo de gama, desloca-se em jactos privados e joga golfe com celebridades como o actor Dennis Quaid, com quem tem uma fotografia publicada no seu site pessoal - inacessível desde a semana passada. Gosta de tocar piano e é apaixonado pelos britânicos Coldplay, acompanhando a banda em quase todos os concertos.
Dushku disse que “tem estado muito interessado no país, de um ponto de vista histórico, há vários anos”. “Para além das manchetes que se vêem nas notícias, há pessoas que vivem lá”, justificou, acrescentando que adoraria poder ir ao Arirang Festival, um festival de ginástica organizado na capital da Coreia do Norte, Pyongyang, em honra do Exército.
Se há utilizadores do Twitter que felicitaram Dushko por esta amizade virtual – sobretudo australianos, segundo o próprio –, outros, maioritariamente sul-coreanos, não concordaram com esta ligação e chegaram a ameaçá-lo de morte, temendo que ele seja um agente secreto do KWP, o Partido dos Trabalhadores Coreanos. “Uma pessoa escreveu detalhadamente como iria a minha a minha casa fazer-me mal; outros dizem-me que esperam que eu morra ou serão eles próprios a matar-me”, contou o rapaz ao Mother Jones, acrescentando que desvalorizou quaisquer comentários negativos.
Ainda assim, no site Gizmodo, vários utilizadores têm recomendado que Dushku modere o seu entusiasmo em relação à nova amizade com a Coreia do Norte e que não escreva mensagens que possam aborrecer o Governo daquele país. Um deles deixou um aviso: “Nunca deixes de seguir alguém com armas nucleares.”
O PÚBLICO tentou contactar Jimmy Dushku, mas não obteve qualquer resposta.