Dupla hélice de ADN fotografada directamente pela primeira vez
A dupla hélice do ADN tornou-se um ícone da ciência do século XX, mas só agora foi possível vê-la mesmo como ela é.
A fotografia que ilustra este texto, obtida por microscopia electrónica por Enzo di Fabrizio, do Instituto Italiano de Tecnologia, e colegas, acaba de ser revelada num artigo na revista Nano Letters.
Como explica a revista Nature da última quinta-feira, os cientistas espalharam gotículas que continham o ADN de um vírus que infecta as bactérias à superfície de pequenas “pastilhas” de silício. As pastilhas tinham sido previamente “gravadas”, de forma a ficarem pejadas de micrométricos buracos e de “pilares” cilíndricos.
Quando as gotas secaram, as fibras de ADN ficaram bem esticadas entre os diversos “pilares” e suspensas por cima dos buracos. E os cientistas puderam então fotografar o ADN espreitando com um microscópio electrónico através dos buracos do silício.
Ainda não é uma imagem da dupla hélice no seu meio natural, fisiológico, uma vez que o ADN adopta uma forma algo diferente ao ser desidratado. Mas é a primeira vez que se consegue ver as voltas que a molécula dá, à maneira de uma escada de cordas enrolada sobre si própria.
Os cientistas puderam também medir com precisão a distância entre voltas consecutivas da hélice (assinaladas pelas setas vermelhas na fotografia): 2,7 milionésimos de metro, que se sabe corresponder à dita configuração “seca” do ADN.