RTP1 lança nova grelha dia 14 sem concursos no horário nobre

A nova grelha “é o resultado de uma reflexão profunda” e foi concebida a pensar numa televisão pública com dois canais.

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A maior mudança na matriz da RTP é no horário nobre

A RTP1 lança uma grelha completamente nova na segunda-feira dia 14, para cumprir na íntegra os desígnios do serviço público de televisão: formar, informar e divertir, acreditam os responsáveis da estação. O orçamento para este ano, com forte aposta na produção nacional, custará cerca de 20% menos do que o do ano passado e não irá ultrapassar os 55 milhões de euros. Factura acompanhada do desejo de voltar a estar em primeiro ou segundo lugar nas audiências dentro de um ano, disse ontem o director de Programas, Hugo Andrade, no final da apresentação da grelha, perante duas centenas de caras (boa parte delas novas) do canal.

Indiferente ao facto de o futuro da RTP permanecer uma incógnita – e porque a televisão não pode ficar suspensa da decisão –, a nova grelha “é o resultado de uma reflexão profunda” e foi feita a pensar numa televisão pública com dois canais, garante o director-geral de Conteúdos, Luís Marinho, questionado pelo PÚBLICO. “Queremos que a RTP mantenha uma coerência para além dos governos”, afirma Luís Marinho, para quem esta grelha, mais do que um desejo da tutela, “representa os interesses do Estado”. Acabam-se os concursos no horário nobre, mantendo-se, dentro do género, apenas O Preço Certo.

A equipa que na RTP esteve durante meses a conceber um só canal de serviço público – na sequência do programa do Governo que implicava o fecho do RTP2 – teve, há dois meses, de “fazer uma inflexão”, a partir da entrada da nova administração liderada por Alberto da Ponte, porque, afirma Luís Marinho, esta acredita que “devem existir dois canais”.

O director-geral de Conteúdos disse ainda que neste trabalho encontraram um novo conceito denominado “pop smart”: “Queremos que seja uma televisão popular e inteligente e que também quer ser consciente.” O esforço de contenção orçamental foi conseguido à custa de uma dura negociação com as produtoras externas” e da “máxima rentabilização dos recursos da empresa”, adianta Luís Marinho.

A maior mudança na matriz da RTP é no horário nobre: o canal público acaba com os concursos e aposta na regularidade de horários para criar habituação nos espectadores. Também “reforça a diversidade de géneros e de públicos” e “promove a reflexão e o debate de ideias”: “Queremos conquistar os portugueses e trazê-los de volta”, vincou o director de Programas.

A informação vai continuar a ter lugar de destaque, salientou o seu novo director, Paulo Ferreira. O Telejornal de 40 a 45 minutos é seguido pelo 360º, um programa onde se analisa a fundo um tema do dia. São apresentados, alternadamente, por José Rodrigues dos Santos e João Adelino Faria; ao fim-de-semana o noticiário principal é com António Esteves e Cristina Esteves. Às 21h segue-se, cada dia útil, um programa diferente de informação de diferentes géneros jornalísticos (Termómetro Político (análise e opinião), Nosso Tempo (reportagem), De Caras (entrevista), Linha da Frente (reportagem), Sexta às 9 (noticiário com investigação).

Por volta das 21h30 chega o entretenimento com a série Sinais de Vida, cuja trama se passa num hospital lisboeta, com romances à mistura. Uma hora depois abre-se a janela do “infotainment”, um cruzamento entre informação e entretenimento, com os documentários musicais de Não Me Sai da Cabeça; a procura das raízes familiares de personalidades conhecidas em Quem É Que Tu Pensas Que És; os perfis de um país desconhecido em Portugal de…; os documentários de Conta-me História; e as histórias dos Portugueses pelo Mundo.

Oitenta por cento dos programas desta grelha são novos, contabiliza Hugo Andrade. Mas a verdade é que se recuperam ideias que fizeram sucesso no passado, sobretudo no humor, como as sitcoms que juntam Ana Bola e Vítor de Sousa (em A Mãe do Senhor Ministro), ou Nicolau Breyner e Fernando Mendes (Os Compadres) – emitidas às 19h de sábado e domingo. E os que mantêm os nomes “são completamente diferentes do que eram até agora”, acrescenta. O matinal Praça da Alegria, que passa para Lisboa, passa a ser conduzido por Tânia Ribas de Oliveira e João Baião; Portugal no Coração é apresentado por José Carlos Malato e Marta Leite de Castro.

Ao sábado (dia 19) à noite, na sequência da série de época Conta-me como Foi, chega agora Depois do Adeus, que arranca em 1975, com o regresso dos retornados. A noite de domingo é dividida entre o humor informal da equipa de Bruno Nogueira e Gonçalo Waddington com Odisseia, e o debate da actualidade com Prós e Contras. Catarina Furtado regressa ao entretenimento de grande produção com os talentos escondidos de celebridades num formato internacional chamado Don’t Stop Me Now, mas ainda não tem data marcada.

Além dos programas, a RTP criou também uma nova assinatura: “Portugal sempre ligado.” “Isto exprime que a RTP, independentemente das polémicas, agendas e de tudo o que se diga, é o operador do serviço público de televisão e isso só se faz com proximidade e actualidade”, considera o presidente da RTP, Alberto da Ponte.

 

 

 
 
 
 

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