Passos Coelho avisa que 2013 vai ser um “ano de grandes dificuldades”
No último debate quinzenal do ano no Parlamento, o primeiro-ministro afirmou que a "perspectiva de crescimento em 2014 existe".
Afinal, não vai ser apenas no plano europeu que 2013 vai ser um ano difícil com “riscos assinaláveis”, conforme admitiu Passos no Parlamento. A nível interno será também “um ano de grandes dificuldades”.
Apesar de os tempos que se avizinham serem complicados e difíceis, o primeiro-ministro manteve a garantia de que “a perspectiva de crescimento em 2014 existe e a verdade é que a tendência de recuperação é essa”.
O primeiro-ministro empenhou-se em dizer várias vezes que o Governo está a trabalhar para pôr a economia a crescer, sendo essa a razão pela qual este ano foi tão importante. E chegou a recorrer à ironia para dizer que o “milagre de crescimento não existe”, ao contrário do que o PS pensa. “Qual é o milagre de crescimento do PS, se quando o partido esteve no Governo não conseguiu fazê-lo e tivemos que pedir ajuda?”
Respondendo à deputada Heloísa Apolónia, que acusou o Governo de dizer que 2012 seria um ano de viragem e 2013 de crescimento, o primeiro-ministro afirmou tratar-se de uma "falsidade", recusando tais declarações.
Antes da intervenção final do primeiro-ministro, o líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, usou da palavra para sair em defesa do Governo no processo de privatização da TAP, dando cobertura à decisão do executivo que evitou fazer um negócio, porque “não estava devidamente salvaguardo o interesse nacional”. E dirigindo-se à bancada socialista tratou de colar o PS à esquerda radical.
Luís Montenegro considerou que se “está a assistir neste debate a um PS muito colado aos argumentos, práticas e acções quer do Partido Comunista, quer do Bloco de Esquerda”. “É preciso reformar o Estado, mas nada de cortar na despesa", diz o PS, segundo Montenegro. E prosseguiu: “[O desemprego e os níveis de dívida] não são culpa do Partido Socialista?”
A terminar, o líder da bancada social-democrata apontou ainda o dedo àqueles que acusam o primeiro-ministro de “afundar as contas públicas, quando quem criou uma cratera foi o PS”.
O debate quinzenal no Parlamento, o último deste ano, foi dedicado aos “assuntos económicos, sociais e políticos” e ficou marcado pelo violento ataque do deputado do BE João Semedo ao processo de privatização da TAP, pedindo esclarecimentos ao chefe do Governo sobre o envolvimento do ministro dos Assuntos Parlamentares.
Depois de ter afirmado que o negócio de privatização da TAP “[se] despenhou com estrondo”, Semedo perguntou directamente a Passos qual foi o envolvimento do ministro Miguel Relvas “neste processo e nos restantes processos de privatizações do Governo, com excepção da RTP, claro”.
Passos Coelho zangou-se e acusou João Semedo de usar da calúnia e de não ser sério.