Cadeira Anti Crise, serrar em caso de emergência

“A criatividade é uma das soluções para a crise”, resume Pedro Gomes, designer de 28 anos que voltou a Portugal para "dinamizar empresas nacionais"

É uma cadeira, que é um mealheiro, que é uma história da crise e de tudo o que podemos fazer em caso de emergência.

A cadeira Anti Crise “é um objecto crítico”, explicou ao P3 Pedro Gomes. É o projecto de uma cadeira com uma ranhura para moedas (exactamente como um porquinho mealheiro) e com uma zona “partir em caso de emergência” (exactamente como nos transportes públicos) que dá acesso a um serrote. Para usar em caso de emergência.

A “emergência” é a crise. “Numa época marcada pela crise económica somos obrigados a analisar qual o nosso papel enquanto designers na criação de mudança e na definição de novos hábitos”, refere o designer de 28 anos no seu site.

Pedro Gomes estudou em Lisboa, na Faculdade de Arquitectura, e trabalhou na Alemanha (GmbH) e nos Estados Unidos (One&Co) antes de voltar a Portugal, onde pretende “dinamizar empresas nacionais”. “A criatividade é uma das soluções para a crise”, resume o designer também responsável pela criação da Bounce, uma cadeira inspirada pela bola de pilates, entre outros objectos com história.

Objectos com história

Esse é um dos truques. “Objectos com história. Isso acaba por definir muito o meu trabalho. São peças irreverentes que contam uma história. Tento que o objecto tenha algo mais do que a sua própria forma. Essa história acaba por envolver o consumidor. A informação que circula na Internet é tanta que tem que existir uma estratégia”.

O “statement” cadeira Anti Crise é também, segundo o seu autor, “uma contradição, uma antítese, porque não é uma cadeira que qualquer pessoa possa comprar”. Está a ser desenvolvido um protótipo, que posteriormente deverá ser multiplicado apenas por três ou quatro unidades. “A ideia não passa por uma cadeira de produção em massa. É um objecto funcional e conceptual, um mealheiro gigante que pode transformar a percepção de crise”, explica Pedro Gomes, com clientes no estrangeiro (cerca de 60 por cento da produção) e uma série de novos produtos criados para startups portuguesas.

“Integralmente, a cadeira pretende reinterpretar o acto de poupar e ligá-lo a um objecto quotidiano, tradicional e de uso diário. Deste modo, tal como o nome indica, a cadeira Anti Crise promove o acto de poupar num processo lúdico e interactivo, tentando assim criar uma postura contrária à da crise”.

O vermelho remete para uma situação de emergência, que culmina com um acto de sobrevivência, no serrar, na desconstrução da peça, no regresso ao início da cadeira. “E o objecto não fica inutilizado. Ganha uma história. Alguém pergunta ‘Porque é que a cadeira foi serrada?’ E tu contas a história da cadeira”.

Colocar o dinheiro no colchão já não está na moda.

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