Paula Moura Pinheiro anuncia fim de Câmara Clara em Dezembro

Decisão sobre o fim do magazine cultural da RTP2 foi anunciada esta sexta-feira pela jornalista.

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Paula Moura Pinheiro diz aceitar a decisão com naturalidade Nuno Ferreira Santos

Esta é, assim, a confirmação do fim do programa, depois de já no Verão se ter falado nessa possibilidade, devido aos cortes orçamentais na estação pública. No comunicado, Paula Moura Pinheiro revela que a decisão de terminar os dois programas já não é recente, tendo sido comunicada ao ex-director de programas do canal, Jorge Wemans, “em Junho deste ano, quando era ainda director da RTP2”.

No mesmo comunicado, a jornalista não deixou de questionar a decisão. “A questão, premente, é a de saber que meios, que espaço e que visibilidade reserva o serviço público de televisão à cobertura de uma das áreas nevrálgicas do desenvolvimento do país: a inovação nas artes e nas ideias e a conservação do nosso extenso e precioso património cultural - da literatura à arquitectura”, escreveu Paula Moura Pinheiro, acrescentando, no entanto, que aceita com naturalidade “a ideia de que haja quem pode cumprir melhor a missão que nos estava atribuída”. “Orgulho-me do serviço que prestámos. Um serviço que é uma das faces, em meu entender inegociável, do serviço público de televisão.”

"Um programa excelente, que é uma pena que acabe", diz ao PÚBLICO António Mega Ferreira, escritor e gestor cultural. "A Paula fazia aquilo bem e tinha bastante qualidade. Já era um programa com seis anos, era uma coisa, como se diz em francês, ‘honorable’. O mínimo que espero é que apareça uma alternativa, que cubra o mesmo espectro, bastante amplo, de debate de ideias mais mainstrea’ até à revelação de novas tendências e novos criadores. O Câmara Clara não era um programa confinado." Mega Ferreira duvida, no entanto, que num momento em que está anunciada a privatização da RTP, este tipo de programas venha a ser contemplado nas grelhas de um operador privado.

Para o crítico de televisão Eduardo Cintra Torres, o fim do programa, num momento de cortes orçamentais, era inevitável devido ao seu custo de produção. "Sou a favor da existência de um programa para a cultura mas acredito que se pode fazer melhor e mais barato", disse, acrescentando que a divulgação da cultura será sempre uma das missões do serviço público. "Temos de pensar os custos dos programas", acrescentando que nesta altura já se devia saber se há uma alternativa ao Câmara Clara.

Em nota final, a jornalista, que é também sub-directora da programação da RTP2, despede-se dos telespectadores e da equipa com quem tem trabalhado desde 2006, ano em que o programa se estreou. “Foi, para mim, um enorme privilégio trabalhar sobre as obras das muitas centenas de criadores, artistas e investigadores de que o Câmara Clara se ocupou ao longo dos últimos seis anos e meio.”

Esta sexta-feira não foi possível obter mais esclarecimentos junto da jornalista.
 
 
 
 
 
 

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