Quem é o sul-coreano que pôs todos a dançar como cavalos?

O sucesso musical Gangnam Style está quase a completar quatro meses de vida e já conseguiu bater outras febres musicais. On the floor de Jennifer Lopez foi substituída nos vídeos mais vistos do YouTube pelo cavalo imaginário do cantor sul-coreano PSY: uma dança menos sensual do que a da cantora norte-americana mas, desta vez, foi o humor que triunfou.

O número de visualizações do vídeo de PSY, no YouTube, já passa dos 660 milhões. Mais de quatro milhões de pessoas dizem que gostam do video e em Setembro bateu o recorde mundial do vídeo com mais “gostos” no YouTube.

A canção que está nos tops de vários países, incluindo os Estados Unidos da América, Reino Unido e Austrália, já mobilizou milhares de pessoas em várias flashmobs, um ajuntamento de pessoas espontâneo, normalmente convocada por SMS. A última teve lugar em Paris, que se transformou numa verdadeira capital da loucura.

Na passada segunda-feira, na Praça do Trocadero, 20 mil pessoas juntaram-se e dançaram Gangnam Style. O encontro foi proposto nas redes sociais pela companhia Universal Mercury numa colaboração com a rádio francesa NRJ. Além da flashmob de Paris, as maiores foram as de Milão, também com 20 mil pessoas, e de Seul com 15 mil.

Mas não são só os anónimos que se deixaram atacar pela febre Gangnam Style, cantado em coreano. Britney Spears dançou com Ellen Degeneres e PSY na televisão. Também o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, dançou num encontro com PSY na sede das Nações Unidas, nos EUA. Ban Ki-Moon passou a ser o segundo sul-coreano mais famoso do mundo, segundo o próprio, porque foi ultrapassado pelo cantor.

O sucesso é tal que até um dos mais emblemáticos opositores do regime de Pequim, o artista plástico Ai Weiwei, parodiou Gangnam Style numa provocação ao Governo chinês.

Mas quem é este cantor? Com 34 anos, PSY, cujo o nome real é Park Jae-Sang, é casado e pai de gémeos. Começou a sua carreira musical em 2001 com a música Bird, um fenómeno na Coreia do Sul devido ao refrão provocatório, às roupas brilhantes e aos movimentos de dança excêntricos do cantor. A imprensa coreana chamou-o “O cantor bizarro”, segundo o site Daily Beast.

PSY começou a tornar-se conhecido pelo público coreano com músicas satíricas sobre a sociedade coreana. É o que acontece com Gangnam Style, que significa "Estilo de Gangnam", um bairro de luxo em Seul. A sul-coreana Jea Kim, autora do blogue My Dear Korea escreve que “Gangnam Style é uma sátira ao estilo de vida de Gangnam, ao materialismo e à busca da terra prometida pelas pessoas que sonham lá viver".

Medalha de mérito por "serviço excepcional"

O cantor é de Gangnam e oriundo de uma família com dinheiro. "Goza com o sítio em que ele próprio cresceu. É como se estivesse a dizer: 'Olhem para mim! Eu vivo em Gangnam, mas não acham que pareço uma pessoa reles e patética?’”, escreve a autora. No entanto, PSY defende, em declarações ao Daily Beast, que a música tem o objectivo não de criticar, mas apenas de “elevar os espíritos das pessoas”.

E quanto à coreografia, a dança do cavalo imaginário não surgiu por acaso. O cantor conta que esteve com o seu coreógrafo 30 noites a imitar todos os animais de que se lembraram, até que alguém olhou para a televisão e estava um cavalo a galopar. O vídeo foi filmado em 48 horas em 28 locais diferentes.

No mês passado, PSY gravou uma nova música, mas ainda está a pensar na coreografia e no vídeo. Sabe que as expectativas são altas. “Eu agora sou só uma sensação do YouTube com uma canção engraçada”, admite. “Preciso de mostrar ao mundo que o meu objectivo final é dar grandes concertos como a Madonna”.

Para já, PSY vai continuar a colher os louros do sucesso de Gangnam Style. Na terça-feira, o Ministério da Cultura sul coreano anunciou que o cantor será condecorado com a Medalha da Ordem do Mérito Cultural Okgwan por "serviço excepcional". "PSY foi escolhido não só pela sua carreira como artista, mas também por ter tornado o distrito de Gangnam famoso e ter despertado o interesse crescente do mundo na Coreia do Sul", explicou fonte do gabinete do ministro.

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