Estação fluvial Sul e Sueste tornou-se monumento apesar de deixada ao abandono

Foto
O terminal fluvial continua encerrado e cheio de andaimes Rui Soares

O edifício modernista enfrenta, no entanto, um dos períodos mais difíceis da sua longa existência. Depois de ter beneficiado de fundos comunitários para levar a cabo a construção de uma nova estação fluvial e para reabilitar a antiga, o Metropolitano de Lisboa diz que não tem os 11 milhões de euros necessários para fazer reviver a obra de Cottinelli Telmo. Por isso, mantém o terminal fluvial encerrado e cheio de andaimes, num cenário de degradação pouco consentâneo com o estatuto de monumento ontem conferido por portaria publicada em Diário da República.

"Isto não pode continuar muito tempo assim", declarou o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, à RTP há menos de um mês. Só que, na mesma altura, Ricardo Machado, director de infra-estruturas do Metro de Lisboa, disse que a intenção era "abandonar definitivamente a obra". Contactada ontem pelo PÚBLICO, a transportadora remeteu-se ao silêncio.

A arquitecta encarregada do projecto de reabilitação, Ana Costa, por sinal neta de Cottinelli Telmo, diz que surgiu, no entanto, "uma luzinha ao fundo do túnel": a possibilidade de a Associação de Turismo de Lisboa, organização liderada pela câmara da qual fazem parte várias entidades públicas e privadas, assumir a exploração do terminal fluvial para fins turísticos. Nesse sentido, foi pedido a Ana Costa que reformulasse o seu projecto, no sentido de reduzir significativamente os custos previstos de 11 milhões.

Arrancados para que pudessem ter lugar as obras que nunca começaram, os enormes painéis de azulejo com os brasões de várias cidades alentejanas e algarvias que decoravam o átrio da estação encontram-se algures em parte incerta. "Parece que estão na [empresa do Metropolitano] Ferconsult, guardados em caixas. Onde, exactamente, isso não sei", refere a arquitecta.

Juntamente com o edifício fluvial, foram ontem também classificados como monumentos de interesse público as muralhas, torres, portas e baluartes do centro histórico de Setúbal. Idêntico grau de protecção patrimonial foi conferido à Casa Roque Gameiro, na Amadora, cujo projecto de ampliação é atribuído ao arquitecto Raul Lino.

A igreja de Nossa Senhora da Piedade, no concelho de Vila Viçosa, foi outro dos imóveis classificados no Diário da República de ontem.

Sugerir correcção
Comentar