Rui Moreira acusa António Borges de se colocar “na posição de ministro que não é”

“O senhor professor António Borges de empresas conhece muito pouco e não conhece o país”, afirmou o presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), no dia em que o consultor do Governo para as privatizações defendeu que a redução da Taxa Social Única (TSU) é uma medida “inteligente” e acusou os empresários que a criticaram de serem “ignorantes”.

Em declarações à Lusa, Rui Moreira disse que António Borges “entende que o país é um conjunto de equações matemáticas em que as pessoas não contam e, em função disso, faz as declarações que faz, não entendendo o que são as empresas nem qual o sentimento dos empresários”.

Para o presidente da ACP, “é normal que [António Borges] faça essas declarações, mas é lamentável que as faça colocando-se numa posição de ministro que não é”.

“Estamos a falar de um pseudo-ministro que tem influenciado muito mal o Governo e ao lado do doutor Miguel Relvas, que provavelmente achou muito engraçados os comentários”, declarou.

Rui Moreira considerou que “a insensibilidade para as questões sociais é intolerável em tempos de crise”, lembrando que “os patrões não criticaram a redução da TSU”, mas salientaram que ela “não pode ser feita à custa dos trabalhadores, o que é perfeitamente razoável conhecendo o cenário em que o país vive”.

“Ainda é de um tempo em que patrões e funcionários estavam de lados diferentes nas empresas e hoje a realidade das empresas que prosperam é muito diferente”, acrescentou.

O empresário nortenho sublinhou ainda que “o senhor professor António Borges é um especialista em ‘hedge funds’, que são uns produtos de informação assimétrica que estiveram na origem da crise financeira internacional”.

António Borges interveio hoje no I Fórum Empresarial do Algarve, que decorre este fim-de-semana em Vilamoura e reúne mais de 300 empresários, economistas e políticos de Portugal, Brasil, Angola, Índia, Emirados Árabes Unidos e Moçambique.

“Que a medida é extremamente inteligente, acho que é. Que os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na faculdade, isso não tenham dúvidas”, afirmou.

Admitindo que a medida implica perda de poder de compra “para muita gente”, António Borges considerou, no entanto, que quem acha que “o programa de ajustamento português se faz sem apertar o cinto, está com certeza um bocadinho a dormir”.

Aquele responsável discordou ainda que, com a TSU, se proceda a uma transferência dos rendimentos do trabalho para o capital, já que o problema do país é estar “completamente descapitalizado”.