Há um novo campeão da velocidade e a notícia não deverá agradar a Usain Bolt. O robô Cheetah, financiado pelo Pentágono e desenvolvido pela empresa norte-americana Boston Dynamics, atingiu os 45,5 km/h e bateu um recorde estabelecido pelo atleta jamaicano em 2009.
Há muitos factores a ter em conta para que possa ser feita uma comparação entre um dispositivo mecânico e o homem mais veloz do mundo, mas imaginar Usain Bolt a ser batido por um conjunto de peças que há poucos meses nem lhe morderia os calcanhares, ajuda a perceber a velocidade a que está a decorrer o projecto Máxima Mobilidade e Manipulação do Departamento de Defesa dos EUA.
Em Março deste ano, a Agência de Defesa para Projectos de Investigação Avançada (DARPA, na sigla em inglês) anunciou que o Cheetah – um robô com uma forma semelhante à do animal que lhe serve de inspiração, a chita – conseguira correr um segmento de 20 metros a uma velocidade de 29 km/h; seis meses depois, chega a informação de que já bateu o recorde de Usain Bolt, quando, em Agosto de 2009, o atleta jamaicano correu um segmento de 20 metros em 44,7 km/h, durante a prova em que estabeleceu a melhor marca mundial nos 100 metros (9,58 segundos).
A velocidade alcançada pelo Cheetah em Março (29 km/h) era já o melhor registo de sempre de um robô, batendo um recorde com 23 anos estabelecido durante uma experiência no Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).
É verdade que o Cheetah tem uma grande vantagem em relação a Usain Bolt – os testes da empresa Boston Dynamics são realizados em cima de uma passadeira rolante e só no próximo ano será posto à prova em cenários naturais. Mas também é verdade que o objectivo dos militares norte-americanos não é competir nos Jogos Olímpicos.
A ideia é desenvolver um robô que possa actuar com extrema rapidez em terrenos de difícil acesso e mobilidade, seja em operações de salvamento ou em cenários de guerra.
Acções militares e de salvamento
"Um dos principais objectivos deste programa é melhorar os movimentos e as capacidades dos robôs em terrenos difíceis, onde as pessoas ligadas à defesa estão acostumadas a trabalhar", lê-se no comunicado da DARPA.
"Para ajudar em casos de emergência, assistência humanitária e outras missões de defesa, um robô precisa de ultrapassar obstáculos. Muitos dos robôs desenvolvidos para estas acções têm rodas ou carris; no entanto, os terrenos mais difíceis exigem o uso de pernas, porque só com pernas é possível ultrapassar obstáculos de grande dimensão e valas profundas", explica a Agência de Defesa para Projectos de Investigação Avançada dos EUA. Em resumo: "A DARPA está a desenvolver robôs com pernas que possam ser rápidos e ágeis em terrenos difíceis."
Para isso, é preciso que o Cheetah saia da passadeira rolante e comece a enfrentar obstáculos reais, algo que está a ser trabalhado pela DARPA e pela Boston Dynamics: "Estamos a desenvolver uma versão para ser testada ao ar livre, a que chamamos WildCat, e que deverá estar pronta no início do próximo ano", avança Alfred Rizzi, responsável pelo projecto de desenvolvimento do robô Cheetah na Boston Dynamics.
Em Julho do ano passado, o Instituto de Cognição Humana e de Máquinas da Florida e o MIT apresentaram o seu próprio projecto para a criação de um robô veloz, semelhante a uma avestruz, chamado FastRunner, num projecto também financiado pelo Pentágono. Os responsáveis por este projecto esperam que o FastRunner atinja velocidades na ordem dos 80 km/h – um robô que teria tempo para acabar a corrida e ficar à espera na linha de chegada para receber Usain Bolt e Yohan Blake com um par de toalhas.