Antigo chefe da polícia de Bo Xilai foi acusado por corrupção e abuso de poder
Quando, em Fevereiro, Wan Lijun entrou no consulado dos Estados Unidos na cidade chinesa de Chengdu sabia que estava prestes a causar uma tempestade política. Disse ter provas de que a mulher do até então governador da província de Chongqing, Bo Xilai, a advogada Gu Kailai, fora responsável pelo assassínio do cidadão britânico Neil Heywood, próximo da família.
Kailai foi entretanto condenada à morte na China, uma pena que deverá ser comutada para prisão perpétua, e Bo Xilai, que era considerada uma das figuras mais promissoras do PC Chinês quando este se prepara para renovar a liderança, foi afastado de todos os cargos, aguarda a sentença da comissão disciplinar do PC Chinês e já viu ficarem postas de lado as suas aspirações de ascender ao órgão máximo do partido.
Agora foi confirmada a acusação contra Wan Lijun, de 52 anos, por abuso de poder e corrupção. O antigo chefe da polícia de Chongping chegou a pedir asilo aos EUA e a dizer que se sentia ameaçado, mas Washington chegou posteriormente a acordo e entregou-o às autoridades de Pequim mediante a garantia de que não seria condenado à pena de morte.
Desde o dia em que pediu asilo que nada se sabia sobre Wan, até que agora vários órgãos de informação chineses noticiaram o início do processo judicial. Segundo a agência Xinhua, o ex-chefe da polícia é acusado pelo Ministério Público de ter encoberto inicialmente as suspeitas em relação a Gu Kailai e de ter “desertado”, uma vez que abandonou o seu cargo quando se refugiou na embaixada dos EUA.
A data para o início do julgamento não foi ainda anunciada, mas segundo os serviços do procurador da cidade de Chengdu, citados pela AFP, “as provas são contundentes e os factos relatados são claros”.
Em conjunto, Wan e Bo Xilai promoveram na província de Chongping uma operação contra o crime organizado que tornou Bo num dos nomes mais citados para vir a integrar o Politburo. Mas a sua actuação, e ascensão, não era bem vista por vários líderes do partido.
Enquanto governador de Chongqing, Bo procurou reforçar a intervenção do Estado em várias áreas e preconizou uma espécie de regresso ao maoísmo que iria contra os interesses dos actuais líderes, o Presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao, mais favoráveis a uma reforma centrada na abertura económica. Para além disso, a sua política de combate ao crime organizado terá também envolvido a perseguição e tortura de adversários políticos.