Empreendimento razoavelmente cínico. O(s) mesmo(s) filmes(s) de sempre mas a querer dar ares de que há ali alguém a pensar - de que o filme se pensa a si próprio. Na verdade, A Casa na Floresta não faz outra coisa a não ser espremer a (velha) fórmula. A antologia, por si só, não é ponto de partida a desvalorizar. Com as suas antologias hitchcockianas, por exemplo, Brian dePalma abriu experiências abstractas sobre o medo e o voyeurismo, aventuras de dilatação do tempo e dos sentidos. Nada disso aqui, onde se começa a tornar claro um certo arrivismo. As duas situações que o filme cria para dizer que é coisa meta-referencial - uma casa na floresta, aventura de fim-de-semana de um grupo de jovens; uma empresa que é a criadora desse show da “realidade”, marionetistas de um feroz circo humano de medo, sangue e vísceras - nunca é mais do que uma artificial engenhoca de argumento. Que nunca tem consequências para o espectador - ao nível da desconstrução e do gozo (ou seja, de ele desconstruir o seu gozo) - a não ser fazê-lo passar de uma situação (a floresta) para outra (a empresa tentacular) aos solavancos, esbarrando registos de actores que se atrapalham, por exemplo... Esse projecto de um filme “com consciência” nunca parece ser a vocação natural A Casa na Floresta. Soa, antes, a disfarce espertalhão para baralhar e voltar a dar. É um pouco convincente Truman Show do slasher cujo momento paroxístico seria paroxístico em qualquer outro filme: é fácil acumular para destruir. A série Scream colocava o espectador em disposição bem mais meta-referencial.
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