Exxon Valdez, o navio maldito vai finalmente desaparecer

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O "Exxon Valdez" teve muitas reincarnações DR

Em 1986, a companhia metalúrgica National Steel and Shipbuilding de San Diego, Califórnia, nos Estados Unidos, “deu à luz” dois navios gémeos, mas com destinos muito diferentes.

O USNS Mercy - um navio hospital para a Cruz Vermelha - com ambições de ajudar em missões humanitárias ao longo do globo - e o Exxon Valdez, um navio para o transporte de crude entre o Alasca e a Califórnia.

Vinte seis anos depois, o “Exxon Valdez” vai ser desmantelado, mas isto não o privou de algumas “reincarnações”, nem que a sua história fosse esquecida.

40 milhões de litros de crude derramados

Passava pouco da meia-noite de 24 de Março de 1989, quando o petroleiro entrou para a história dos desastres ambientais juntamente com o seu capitão, Joseph Hazelwood.O "Exxon Valdez" embateu num recife do Golfo do Alasca e o resultado foi um derrame de 40 milhões de litros de crude, espalhados por cerca de 2000 quilómetros da costa alasquiana.

Apesar de a navegação estar extremamente perigosa naquela noite, devido aos icebergs soltos, o capitão decidiu abandonar o comando do navio e ir até outra secção “preencher uns papéis durante cerca de 10 minutos” deixando outro marinheiro sem capacidades para conduzir no leme do petroleiro.

Foi o pior vazamento de petróleo em águas norte-americanas até 2010, quando o derrame do Horizon Deepwater “libertou” um Exxon Valdez no Golfo do México a cada cinco dias, durante três meses.

Como resposta a este acidente, o Congresso americano aprovou, em 1990, o Oil Pollution Act, que obriga as companhias petrolíferas a elaborar planos de prevenção de derrames, assim com planos de emergência, caso um derrame não seja evitado.

Várias experiências no terreno do desastre levaram à criação de métodos menos poluentes de limpeza de derrames, como o uso das bactérias Pseudomonas aeruginosa.

Com o movimento de ondas e o efeito de alguns micróbios, o crude desapareceu rapidamente de algumas praias. No entanto, poças de petróleo ainda podem ser encontradas à superfície, ou debaixo do solo, o que ainda hoje coloca em risco a vida das lontras que escavam as praias à procura de alimento. Estima-se que entre 100 mil e 700 mil aves morreram devido ao desastre.

Em 2001, o jornal Los Angeles Times descobriu que vários membros da equipa de limpeza tiveram problemas de saúde relacionados com o acidente, desde dores de cabeça a queimaduras químicas e problemas respiratórios.No entanto, as histórias e encarnações em volta do “Exxon Valdez” não acabaram aqui.

As reincarnações do “Exxon Valdez”

Em 1995, o petroleiro apareceu caracterizado como uma navio enferrujado no filme Waterworld, do realizador Kevin Costner, comandado por um pirata perigoso com um gosto peculiar pelo álcool.

Sete anos mais tarde, a União Europeia proibiu a utilização de navios petroleiros de casco simples e o “Valdez” de outrora, agora chamado simplesmente de “Mediterranean”, foi enviado para as águas da Ásia.

Em 2007, o Valdez sofreu uma “reforma” mais brutal ainda. Foi convertido num transportador de minérios e renomeado como “Dong Fang Ocean”.

Para recordar o 21º aniversário do desastre ambiental, em 2010, o alter-ego “Dong Fang Ocean” colidiu com um cargueiro de transporte, “amputando” as suas próprias âncoras e perfurando os tanques de lastro do outro navio.

Já em 2011, com o nome de “Oriental Nicety,” o navio foi vendido a uma companhia de demolições indiana, as Priya Blue Industries. A mesma empresa que em 2006 tinha atraído má fama após terem afundado um navio que continha amianto.

Vários activistas alegaram que o “Oriental Nicety” também podia possuir tal composto, o que levou os tribunais indianos a proibirem a atracação do navio e a imporem uma auditoria ambiental.

Assim, o Oriental Nicety” ficou à espera no corredor da morte por dois meses, custando ao seu proprietário aproximadamente 8 milhões de euros. Após tamanhas peripécias e incidentes, o tribunal decidiu a favor da Prya Blue e aceitou a entrada do “Oriental Nicety” no porto para ser desmantelado.

Passados 26 anos, vão ser necessários 500 trabalhadores durante quatro meses para desmembrar a carcaça do Exxon Valdez. Porém, os efeitos da sua história ainda podem ser encontrados no Alasca.

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