Tiago Pereira precisa de 9 mil euros para produzir novo filme

O realizador português quer fazer um filme sobre a viola campaniça, típica do Alentejo. Cansou-se de usar as suas economias e decidiu partir para uma campanha de "crowdfunding". Precisa de 9 mil euros até 12 de outubro

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Tiago Pereira não está disposto a continuar a "injectar economias próprias" na produção dos seus filmes e, dada a falta de apoios financeiros que o cinema – e a cultura em geral – encara em Portugal, decidiu render-se ao "crowdfunding" para concretizar a vontade de fazer um trabalho sobre a alentejana viola campaniça.

Através da Massivemov, plataforma portuguesa de "crowdfunding", o realizador português, conhecido por gostar de “velhinhas a cantar música tradicional”, pede 9 mil euros até 12 de outubro.

Mas a primeira meta a alcançar situa-se nos 80 por cento de financiamento (7.500 euros), valor mínimo a partir do qual o projecto se concretizará efectivamente. “Só temos de arranjar 1.800 pessoas para darem, pelo menos, cinco euros”, esclarece Tiago Pereira ao P3.

Depois do mais recente filme - “Não me importava morrer se houvesse guitarras no céu” - , sobre um baile açoriano, ter sido bem recebido por onde passou e estar em fase de tradução para chegar à comunidade luso-descendente no Canadá, o realizador português e criador do projecto “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria” (MPAGDP) está agora voltado para o instrumento que desempenha um papel fundamental no cante alentejano.

“A viola campaniça é uma voz que acompanha as outras”, define Tiago Pereira, que chama a atenção para a importância da recolha e do registo deste instrumento (ainda para mais agora, quando o cante alentejano quer ser considerado Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO).

Urgência no registo da campaniça

Caso a campanha de "crowdfunding" seja bem sucedida, “Cantam as Filhas da Rosa” – assim se vai chamar o documentário – tem estreia prevista para Dezembro e início de produção em Setembro. “A ideia é que, depois da estreia, o filme vá para festivais, mesmo antes de sair em DVD”, explica Tiago Pereira. “Há muita pesquisa que já está feita pelo Pedro Mestre (construtor de viola e tocador desde os 13 anos), que se aliou ao projecto desde o início”, refere.

Tiago Pereira não tem dúvidas ao apelidar a realização de um documentário sobre a viola campaniça como “urgente”: as pessoas que sabem construir e tocar o instrumento e que estão por dentro da sua história estão a chegar ao fim da vida. O realizador quer “alfabetizar a memória” e, para isso, procura “uma consciencialização do público para a necessidade de criar uma memória colectiva musical portuguesa”.

“Queremos mostrar o património que as pessoas não conhecem, para o qual estão de costas voltadas. E o património é nosso, é de todos”, remata.

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