São 07h28m. O despertador está quase a tocar e pela primeira vez em muitos anos não me vou irritar com o típico toque do alarme. Gravei um CD, só com artistas nacionais, para acordar
“Vá láaaa senhora/ Chegou a hora”. São 07h30, Os Golpes dão-me os bons dias com guitarras, bateria e a voz de Manuel Fúria. Rui Pregal da Cunha também entra nesta música. Dizem-me que está na hora e eu sinto que tenho de lhes obedecer. Nasceram 20 anos depois de mim, em 2008, depois de dois anos de “ensaio de um futuro”, e em três anos vão no segundo álbum. O primeiro - "Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco" – já nos mostrava que eram uma promessa no mundo da boa música portuguesa e o segundo – "G" – confirma que esta banda de rock alternativo ou pop rock tem tudo para dar certo. Ou pelo menos, para me fazer levantar da cama com um sorriso.
A água do duche já corre e o meu CD passou para a segunda faixa. É segunda-feira mas do quarto oiço um “Quinta-feira ligueeeeei/convidei-te e o ok/ que ouvi/ soou-me a uma canção assim”. Agradeço debaixo da água quente aos Doismileoito por, no Verão deste ano, terem partilhado esta música. O chuveiro serve-me de microfone para cantar o último verso em uníssono com Pedro Pode, o vocalista desta banda da Maia. André Aires acompanha-nos na bateria, Nicolau Fernandes no baixo.
Enquanto escolho o que vestir, a voz de Luísa Sobral entra no meu quarto, enche-me o armário e as gavetas e dou por mim a dançar enquanto oiço “Óoooo Xico! Óooo Xico! Onde te foste meter? Ó Xicooo! Óoo Xico! Não me faças mais sofrer”. Visto-me ao som da história de amor e desencontro de Xico e Dolores, contada no fantástico álbum "The Cherry On My Cake" e penso que o meu CD não está nada mau.
Aumento o volume para conseguir ouvir a terceira faixa na cozinha. Abro o frigorífico ao som dos Salto. Canto com Guilherme Tomé Ribeiro e Luís Montenegro “por ti demaaaais” e o pão está a torrar ao som do pop da banda do Porto. Demoro-me neste pequeno-almoço só para poder ouvir “sem tentar/ eu não te dei a mão/ por ti demaaaais” mais uma vez. “É tarde, mas enfim” é o verso da música que me faz lembrar que o trânsito está à minha espera.
Levo o CD para o carro e ponho a tocar a partir da quarta música. Os Trêsporcento vão levar-me até ao meu destino. “Diz-me o que souuu/ diz-me o que sou/ no estado em que estou”. O trânsito rola melhor com as colunas a vibrar com a voz de Tiago Esteves, as guitarradas do vocalista e de Lourenco Cordeiro, o baixo de Salvador Carvalho e a bateria de Pedro Pedro. Uma banda 100% portuguesa.
Cheguei. O CD ainda não vai a meio, o meu dia ainda mal começou e já ouvi muito boa música portuguesa. Fico com vontade de continuar no carro para ainda poder ouvir Os Capitães da Areia, Aquaparque, Paus, B Fachada, Capitão Fausto, Orelha Negra, Frankie Chávez, Asterisco Cardinal Bomba Caveira e muitos mais.
Não vai caber tudo num CD. É bom ter um blogue onde todos os dias posso ouvir as músicas, nacionais e internacionais, de que gosto.