Eles têm seis meses para mudar o comércio de Braga
Vai ser possível testar receitas de gastronomia molecular, comprar produtos para bebés com garantia ecológica ou entrar numa loja que quer dar um toque contemporâneo ao artesanato
São jovens, e, em ano de Capital da Juventude, a cidade dá-lhes oportunidade de porem em prática as suas ideias de negócio, reabrindo-lhes as portas de lojas devolutas.
Antes do final do ano vai ser possível testar receitas de gastronomia molecular, comprar produtos para bebés com garantia ecológica ou entrar numa loja que quer dar um toque contemporâneo ao artesanato. Tudo no centro de Braga.
Estes são três dos cinco novos negócios que vão instalar-se em lojas devolutas da cidade, promovidos por jovens bracarenses e com o apoio da Capital Europeia da Juventude (CEJ), através do programa Encaixa-te. Eles querem mudar o comércio local e têm meio ano de renda gratuita para provar que estão certos.
Em comum, os autores destas ideias têm o facto de serem jovens, viverem em Braga e quererem mudar o comércio do centro da cidade. Mas as empresas não podiam ser mais diferentes entre si. Seja no tipo de produto em que vão centrar-se, seja na modalidade de negócio.
Sara Amorim é licenciada em Química e trabalha como investigadora no laboratório 3B"s, no parque tecnológico Ave Park, em Guimarães. Não foi para mudar de emprego que começou a pensar numa loja dedicada à gastronomia molecular, mas o facto de ter uma colega de curso desempregada, Lília Almeida, pesou na decisão. Como andava há algum tempo a ler coisas sobre a cozinha molecular e a sua relação com a química, a ideia foi ganhando corpo. As duas amigas querem criar um espaço de apresentação da cozinha molecular, com cursos, provas e zona de degustação. O espaço não será ainda um restaurante, mas um local de divulgação deste tipo de gastronomia.
Se a empresa das duas químicas ainda não existe formalmente, a de Pedro Andrade e Diana Sá Carneiro já tem um ano de vida. Ele é pianista e ela professora de dança. Juntos criaram a Ent"Artes, uma empresa que faz importação de material especializado para músicos e praticantes de ballet. Têm várias escolas de dança e música como clientes, mas querem começar a vender directamente ao público. Com um espaço físico permanente, Pedro e Diana vão também dar seguimento à segunda vertente do projecto original da empresa: "Criar um programa educacional com divulgação, palestras, cursos e sessões artísticas."
Paulo Silva e João Varela também querem usar a nova loja em Braga para promover palestras e exposições, num projecto centrado sobretudo no artesanato, o Box You. "O objectivo é dar visibilidade à arte e à cultura da região, que são muito ricas", diz Varela. Mas com um toque contemporâneo nos produtos que ali vão ser comercializados. Os dois jovens vão ter a loja aberta, mas não vão vender nada. "Nós arrendamos os espaços a quem quiser vender ali os seus produtos e tratamos da comercialização e da promoção do espaço, mas os clientes ficam com 100% dos lucros", explica Paulo Silva.
Seis meses de renda
Os promotores dos cinco projectos apenas sabem que vão ocupar lojas devolutas no centro histórico da cidade, mas ainda não conhecem ao certo a localização dos espaços que lhes vão ser cedidos. Para já, apenas duas lojas no Centro Comercial Janes, no Largo S. João do Souto vão receber garantidamente dois destes novos negócios. Os restantes estão ainda a ser avaliados pela equipa da Braga 2012, para conhecerem as reais necessidades de espaço de cada empresa e encontrar as lojas adequadas a cada ideia.
A CEJ recebeu 59 candidaturas ao programa Encaixa-te, tendo seleccionado oito finalistas que, esta semana, se apresentaram ao júri composto por responsáveis da Capital da Juventude, da Universidade do Minho e da Associação Comercial de Braga. Aos cinco vencedores a Braga 2012 vai entregar uma loja devoluta no centro histórico, cuja renda será gratuita durante seis meses. Se as ideias vingarem, as empresas terão que manter-se na mesma localização durante mais um ano, negociando directamente com os proprietários. Os vencedores do Encaixa-te ficam também isentos do pagamento das taxas referentes à licença de construção nas operações urbanísticas de reabilitação urbana e receberam de uma empresa bracarense a oferta da licença de utilização do seu software de gestão.
A gestão é algo a que João Silva já está acostumado. Há três anos que, juntamente com dois amigos, formou a KessKissPass, uma marca de roupa de homem, com design clássico mas atrevido. Começaram ao contrário do que é habitual: as primeiras colecções foram apresentadas em Paris e, em França, já têm alguma visibilidade no mercado. Agora preparam a entrada em Itália e querem voltar-se para Portugal, para se tornarem mais conhecidos internamente. O projecto da Braga 2012 foi a oportunidade para abrirem a sua primeira loja, onde vão vender os seus produtos, ao mesmo tempo que poderão ter uma relação mais próxima com o cliente final. "Uma loja vai dar credibilidade ao projecto e Braga tem o nosso público", explica João Silva.
O público-alvo foi também a preocupação de Elisabete Gonçalves, que promove a EcologicalKids, uma marca portuguesa que já é vendida em Lisboa, Porto e Coimbra, mas que chegará a Braga pela mão desta antiga funcionária administrativa. Vai comercializar produtos para criança que têm garantia ecológica e cuja grande bandeira são fraldas reutilizáveis. São produtos destinados se à classe média-alta e Elisabete considera que a cidade tem o mercado certo para responder ao desafio.
Lê o artigo completo no Público