López Obrador impugna eleições e obriga Nieto a ser o "virtual" Presidente do México

Mais de 70 mil pessoas manifestaram-se no Zocalo da Cidade do México
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Mais de 70 mil pessoas manifestaram-se no Zocalo da Cidade do México Bernardo Montoya/Reuters
Lopez Obrador impugna resultados eleitorais das Presidenciais no México
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Lopez Obrador impugna resultados eleitorais das Presidenciais no México Foto: Alfredo Estrella/AFP

Obrador já exigira uma recontagem de votos. Cumprida a tarefa, a comissão eleitoral mexicana confirmou, sexta-feira, a vitória de Nieto, representante do Partido Revolucionário Institucional (PRI, direita), que esteve mais de 70 anos no poder.

O candidato da esquerda (que se uniu perante a popularidade de Nieto) não aceitou a recontagem. "A eleição foi demasiado suja", disse Obrador, citado pelo El Universal e voltando a falar em irregularidades, em compra de votos, em financiamento ilícito da campanha do PRI, em manipulação da comunicação social e na participação dos governadores priistas.

"A atitude de Obrador é sempre a mesma quando perde", disse Enrique Peña Nieto numa entrevista que concedeu ao El País.

Durante a campanha eleitoral, Obrador jogou com o passado do PRI, cujo reinado foi classificado pelo escritor Vargas Llosa de "ditadura perfeita". Nieto apresentou-se como o candidato de um novo PRI, pós-2000, quando foi destronado e se realizaram as primeiras eleições democráticas no México, ganhas por Vicente Fox, candidato do Partido Acção Nacional (PAN, centrista).

O PAN, que apresentou a sua própria candidata à presidência, reconheceu a vitória de Nieto, mas os seus dirigentes fizeram saber que ficaram muitas suspeitas nesta eleição. "O PRI ganha com vales de compras e com enganos", disse o presidente do PAN, Gustavo Madeiro. Foi o partido que mais perdeu, ficando sem maioria nas duas câmaras do Congresso e sem a chefia de Estado - o Presidente cessante, Felipe Calderón, é panista; há seis anos venceu López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD).

Obrador marcara para sábado uma manifestação contra a "imposição" priista. Setenta mil pessoas marcharam, ao ritmo de tambores, de acordo com o correspondente do El País, entre o Paseo de la Reforma até ao Zócalo, a grande praça central da Cidade do México. Ali, mais gente se juntou à manifestação.

Para os analistas mexicanos, este foi mais um sinal de que a esquerda está a emergir. O primeiro sinal foi o segundo lugar do PRD nas eleições, sendo agora a segunda força política do Congresso, o que relega o PAN (que governou o México nos 12 anos que seguiram ao longo reinado priista) para um lugar mais secundário.

Mas a manifestação poderá não ter sido mais do que isso, o que desalenta a luta de Obrador pela conquista da presidência.

Perante um Congresso sem maiorias, que obriga Nieto a um permanente exercício de negociação, os partidos de esquerda adoptaram a política do PAN - não serão aliados do priista, mas querem participar nas decisões. Por isso, oficialmente, estão a abandonar Obrador e a sua campanha.

Alguns analistas diziam mesmo que chegou o momento de Lópes Obrador "seguir o seu caminho" e deixar o México ser governado, mesmo sendo esta uma "democracia imperfeita".

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