As marcas não estão nem com a selecção nem com os portugueses

Como sabemos, o futebol vende e o patriotismo ocasional também. A Galp leva vantagem

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Fomo-nos habituando à fórmula repetida, a cada dois anos, de que a selecção nacional de futebol é a nossa esperança, é a nossa marca mais valiosa no mundo e que por isso é nossa obrigação apoiá-la ou, pelo menos, sair da frente daqueles que se contentam com “gozos metafísicos” ou com “a cara da senhora Merkel desfeita”.

 

Como sabemos, o futebol vende e o patriotismo ocasional também. “Gostar da nossa selecção é amar o país imenso” e por isso, a TMN trouxe-nos os vídeos de elementos do staff da selecção que, mesmo não sabendo cantar, se esforçam. Rapidamente nos apercebemos que quem o faz, não só não é valorizado como também é alvo de chacota. É difícil não desprezar um anúncio assim.

 


Galp voltou à carga

Em 2008, o país já estava em crise e o preço dos combustíveis estava em alta ao ponto de vermos na TV alguns portugueses empurrarem os seus próprios carros até às gasolineiras. Foi nesse mesmo ano que a Galp começou a dar ares da sua graça. Apresentou então, sem subtileza, um anúncio que alguns chegaram a parodiar. Nesse anúncio muitos portugueses, esforçados, empurravam uma carrinha com três privilegiados até à Europeu da Suiça e da Austria.

 


Em 2012, a Galp voltou à carga. O lema é “11 por todos e todos por 11” e o Guilherme é um jovem que trata os seleccionados por “caros jogadores”. Gosta de Portugal mas “só fica se valer a pena” e como se os golos do Ronaldo acalmassem os mercados e as vitórias alterassem o "rating" das agências, lembra-lhes que o desempenho no europeu pode “mudar a opinião que o mundo tem de nós”. Tudo isto porque “nove séculos de história não se deitam assim para o lixo”.

 

Para uns, tudo isto é excessivo, sobretudo se pensarmos que esta selecção nunca ganhou nada. Para outros, é preciso mais porque esta selecção “nunca foi tão pouco apoiada ou malfadada”. Só podemos concordar se tivermos em conta o exagero publicitário a que o país é sujeito nestas alturas.

 

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