João Paulo Feliciano, director artístico do Optimus Primavera Sound, disse que gostava de mudar a relação entre público e artistas, tendo chegado a ponderar a hipótese de um festival sem palcos.
“O que me interessa ao colocar essa hipótese teórica, mas que no fundo acharia interessante levar mais longe, é o questionar os modos como a música é apresentada ao vivo para as pessoas, porque assentam numa espécie de modelo de indústria”, disse à Lusa o responsável pelo conceito visual do festival que decorre entre 7 e 10 de Junho no Parque da Cidade do Porto.
A ideia, totalmente teórica, foi posta de parte de imediato devido aos constrangimentos do evento em si, mas o director artístico confessou que acharia "interessante radicalizar um bocado mais este pensamento sobre que tipo de relação entre artista e público”. Enquanto no Primavera vão ser dados “alguns passos” nesse sentido, João Paulo Feliciano reconhece que não vão ser muito radicais porque continua a existir um palco, um sistema de som, público.
“Eu gostava de levar isso um bocado mais longe, havendo contexto para isso”, declarou Feliciano, acrescentando que não se pode ultrapassar uma barreira “do anedótico ou do malabarismo”. Para isso, há que contar com o “bom senso” dos artistas, de modo a que estes saibam traçar o limite de até onde podem ir.
Para ele, o festival, que vai trazer ao Porto bandas como Flaming Lips e Wilco, tem uma programação que “reflete a enorme variedade da música hoje em dia, que é uma coisa evidente e fascinante”. “Eu acho que a programação do Primavera é feita sobretudo com base nessa paixão na descoberta da música”, disse o director artístico do evento, que afirmou que gostava de prosseguir a sua ligação ao festival nos próximos anos.