Marvão pondera retirar candidatura a Património Mundial da UNESCO

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Na lista do património cultural de Marvão, destaque para o castelo, classificado como monumento nacional Fernando Veludo

“Nós queremos continuar com a candidatura, contudo apercebemo-nos que temos tido alguma contestação por parte da oposição e na blogosfera, onde se discutem assuntos relacionados com Marvão”, disse Vítor Frutuoso à Lusa.

Nesse sentido, o autarca eleito pelo PSD, partido que detém a maioria no executivo da câmara e na assembleia municipal, anunciou que a autarquia vai desenvolver um conjunto de reuniões com a população para “auscultar” a sua opinião sobre o tema.

“Nós achamos que seria de bom senso clarificar junto das pessoas quanto é que se gastou até ao momento com este processo, que benefícios vai trazer a Marvão e por isso vamos fazer uma consulta pública normal. Na realidade, investimos com esta segunda candidatura cerca de 50 mil euros”, acrescentou.

Vítor Frutuoso adiantou que espera também ouvir, nesta fase, os empresários da região, nomeadamente os operadores turísticos. “Nós queremos ouvir as pessoas e os empresários, no máximo ainda este mês ou no início do mês de Junho”, sublinhou.

O autarca mostrou-se convicto que o projecto “continuará” a trilhar o seu caminho, assegurando ainda que a autarquia só desiste da candidatura se “houver uma contestação visível de uma parte significativa da população”.

O município de Marvão lançou em 1996 uma candidatura a Património da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), mas acabou por retirá-la em 2006, na sequência de um parecer negativo, para evitar que fosse anulada.

Em Fevereiro de 2011, o município alentejano deu início a um novo processo, com a coordenação de Ray Bondin, embaixador de Malta na UNESCO e presidente do Comité Internacional das Cidades Históricas, organismo integrado no Conselho Mundial de Monumentos e Sítios.

Conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques, Marvão recebeu o primeiro foral, concedido por D. Sancho II, em 1226. A sua importância como centro militar foi testada nos séculos XII e XIII e mais tarde serviu de “sentinela” atenta às disputas territoriais com Castela.

Do seu património cultural consta o castelo (monumento nacional), uma importante e imponente obra da arquitectura militar, cuja actual configuração remonta, em grande parte, ao reinado de D. Dinis.

Realce também para a Rua do Espírito Santo (Antiga Rua Direita), onde ainda se conserva a casa do Governador, além dos ferros forjados em destaque nos varandins graníticos.

A Igreja do Espírito Santo, com um portal renascentista e uma janela manuelina, e o pelourinho do século XVI (imóvel de interesse público) fazem igualmente parte do património local, tal como o Convento de N. S. da Estrela, por onde passou a ordem dos Franciscanos.