Robin Gibb, a voz dos Bee Gees, morreu aos 62 anos

Robin só abandonou os palcos recentemente
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Robin só abandonou os palcos recentemente Reuters
Cantor sofria de cancro no cólon e no fígado
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Cantor sofria de cancro no cólon e no fígado Foto: Luke MacGregor/Reuters
Robin (à esquerda) com os irmãos em 1978
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Robin (à esquerda) com os irmãos em 1978 DR
Barry e Robin Gibb eram os restantes elementos vivos da banda
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Barry e Robin Gibb eram os restantes elementos vivos da banda Reuters

Robin fundou os Bee Gees com os irmãos Barry e Maurice. O cancro de que padecia tinha atacado o cólon e o fígado. Nas últimas semanas, o estado de saúde tinha piorado, devido a uma pneumonia, e depois melhorou, mas a doença acabou por vencer.

No mês passado, o músico deu entrada no hospital com uma pneumonia e entrou em coma. Na altura, os médicos alertaram a família para o pior mas Robin acabou por acordar do coma poucos dias depois. Voltou então para casa, onde viria a falecer.

Era uma das vozes da banda que vendeu mais de 200 milhões de discos, desde os anos de 1960. Um volume de vendas que colocava esta banda masculina – que se distinguiu no panorama mundial pelos falsetes cantados sobre tessituras disco sound, dançáveis ou românticas baladas – num plano de sucesso comercial equivalente ao de outras bandas históricas do pop rock mundial como os Rolling Stones ou Pink Floyd.

Em Abril, Robin Gibb fez a primeira incursão pela música clássica, num projecto dedicado ao naufrágio do Titanic. “The Titanic Requiem Concert Live Premiere”, que foi transmitido em directo na Internet, ocupou o cantor durante os dois últimos anos, mas devido à fragilidade da sua saúde não pôde estar presente na estreia. Também nessa altura o músico devia ter estado na cerimónia do "Rock and Roll Hall of Fame", nos Estados Unidos.

Com mais de 50 anos de carreira, data assinalada em 2009 com o lançamento de “The Ultimate Bee Gees”, que tinha ainda um DVD de concertos e participações televisivas inéditas, Robin Gibb deu voz a alguns dos temas mais conhecidos na música como “How Deep Is Your Love” ou “Staying Alive”, esta última no lugar 189º das 500 melhores músicas de todos os tempos pela revista Rolling Stone.

O único elemento vivo dos Bee Gees é Barry, de 65 anos. Maurice, que era irmão gémeo de Robin, morreu em 2003. Os músicos tinham ainda outro irmão, Andy Gibb, que não fazia parte da banda, e que morreu aos 30 anos com uma infecção.

Apesar de ter nascido em Isle of Man, na costa britânica, foi em Machester que Robin Gibb e os irmãos cresceram. Mais tarde mudaram-se para a Austrália, onde fizeram a sua primeira aparição em televisão com o nome de B.G.’s. Só depois, quando na década de 60 voltam para Inglaterra é que mudaram o nome para Bee Gees e se tornam numa das bandas de destaque do momento, com reconhecimento internacional.

Foi nessa altura que surgiram os hits “To Love Somebody”, “Lonely Days” e “How Can You Mend a Broken Heart”. Já em meados de 1970, a banda desenvolveu canções mais dançáveis como “Jive Talkin'” e “Nights on Broadway”. Mas foi com o filme “Saturday Night Fever” (1977), protagonizado por John Travolta, que a banda alcançou sucesso universal. Os Bee Gees foram os responsáveis pela banda sonora do filme. No final da década de 70, os Bee Gees dominavam já as pistas de dança. Ainda hoje, alguns dos seus temas mais conhecidos passam nas rádios e discotecas.

À BBC o jornalista Paul Gambaccini descreveu Robin Gibb como uma das figuras mais importantes da história da música britânica. “Ninguém se pode esquecer que os Bee Gees são os segundos compositores de maior sucesso, só atrás de Lennon e McCartney”, destacou Gambaccini, lembrando que a banda escreveu ainda para artistas como Barbra Streisand, Diana Ross, Dionne Warwick, Celine Dion, Destiny's Child, Dolly Parton e Kenny Rogers. “É preciso também dizer que o Robin tinha uma das melhores vozes brancas da soul de sempre.”

Na internet, entre fãs, amigos e artistas, os tributos têm-se multiplicado. No Twitter, o ex-vice de Tony Blair, John Prescott, escreveu que além de ter perdido um amigo, o mundo “perdeu um músico brilhante e um homem que nos transformou a todos nuns aspirantes a Travoltas”. Stevie Wonder lembrou ainda a recente morte de Donna Summer, apelidada de rainha da disco. “Nunca mais os vamos ver, é devastador. A bênção é que somos capazes de sentir a dor, o que significa que fomos capazes de sentir um pouco do amor dessa pessoa, sentir as experiências que a sua música nos deu.”

“Os Bee Gees nunca serão esquecidos. O Robin Gibb tinha uma voz maravilhosa, tão distinta e expressiva”, escreveu, por sua vez, no Twitter Brian May dos Queen. Para Jake Shears, líder dos Scissor Sisters, Robin continuará a ser "uma enorme influência e uma inspiração". Também o ciclista Lance Armstrong, que sobreviveu a um cancro, deixou uma mensagem no seu Twitter: "Continua a afligir-me ver o cancro levar os nossos entes queridos. É preciso parar isto".

Robin Gibb deixa três filhos.

Notícia actualizada às 10h15