Carpinteiras, pintoras, respigadoras, amigas. Há vários r's neste projecto de quatro mãos. “Reusar, reciclar, reutilizar e, acima de tudo, renovar”. Maria João explica que o design de massas não tem ali espaço e que a palavra de ordem é criar. “Queremos que as pessoas tropecem na arte. A arte é para toda a gente, como a cultura”.
Os primeiros passos foram dados. Ana e Maria João juntaram 13 cadeiras, algumas encontradas no lixo, que distribuíram por 13 artistas e artesãos de Oliveira de Azeméis.
As cadeiras foram recuperadas, pintadas, transformadas. E assim nasceu a exposição Re-Use: Cadeiras Roubadas ao Desperdício, com cadeira chapéu, cadeira rainha, cadeira rock star, cadeira Miró, entre outras. “Foi a primeira de muitas exposições”, garante a Ana. Recentemente, as cadeiras saíram por momentos da loja e estiveram expostas na rua, em frente à câmara municipal.
De três em três meses, as duas amigas querem levar objectos para a rua para que as pessoas vejam o que os artistas são capazes de criar. A próxima exposição já está em andamento: depois das cadeiras, seguem-se as mesinhas de cabeceira. Treze mesinhas já chegaram às mãos de outros artistas - e Paulo Neves é um deles. Ana e Maria João valorizam esta ligação com os artistas e artesãos da terra e garantem que este relacionamento é para manter.
O nome representa o que querem transmitir e as-tralhas-do-sótão-da-minha-avó era um baptismo demasiado comprido para a loja. Virar do Avesso encaixa que nem uma luva, se recuarmos ao passado do seu significado. “Antigamente, viravam-se as golas e os punhos do avesso para que a roupa parecesse nova”, revela Maria João. Virar do avesso, pois então.
Ana e Maria João vão continuar a concorrer para dar aulas. “Gostamos de ser professoras”, garante Maria João. Se para o ano houver lugar para dar aulas, a Virar do Avesso continuará de portas abertas.
O projecto está desenhado para que assim seja e porque as duas amigas jamais deixarão de reciclar e renovar o que lhes aparece à frente. Seja dado, consignado, comprado ou encontrado no lixo.
