Branca Cuvier criou em 2011 a marca Baguera e com ela os seus corajosos pendentes e pulseiras em acrílicos e as cores electrizantes das suas pequeninas carteiras, as "clutches". Mas voltemos ao início.
Quando se pertence a uma linhagem de mulheres artistas, “não há escape possível” às artes. A criadora, de 27 anos, neta da artista Helena Almeida, atribui responsabilidades a essas ”mulheres-furacão que, apesar de terem uma personalidade firme e forte, sabem ser vulneráveis e sensíveis”, pelo seu processo criativo.
Branca começou o seu caso com jóias em 2003, na Ar.co, onde também estudou desenho. Em 2007, juntou-se a uma amiga e abriu um atelier em Campo de Ourique, Lisboa, onde produziu peças para a sua marca homónima — Branca Cuvier — e colaborou com Lidija Kolovrat. Precisou de mais.
Esta quinta-feira, Branca venceu, com a sua colecção Vectory, o prémio de melhores acessórios pessoais do concurso POPs - Projectos Originais Portugueses, organizado pela loja do Museu de Serralves, com a intenção de divulgar projectos nacionais promissores em áreas com a joalharia ou o design de mobiliário.
Trocar o curso por um estágio na Holanda
Chegamos então ao ano de 2010, na Holanda, para onde se mudou para ingressar num curso de joalharia. Após concluir que “iria aprender o que queria muito mais rapidamente num atelier do que na escola”, Branca começou a estagiar no atelier de Lucy MacRae Embora fosse um estágio não remunerado, a jovem decidiu abandonar o curso. A existir um momento decisivo no percurso da jovem, será este.
“O estágio na Lucy foi inebriante, produzíamos constantemente, criávamos e experimentávamos todas as formas e materiais sem medos. Não havia espaço para ser pessimista ou preguiçoso”, enfatiza Branca, que teve a oportunidade de criar jóias destinadas ao videoclip “Born This Way”, de Lady Gaga.
Branca regressou a Portugal em 2011. Surge então a marca Baguera, o “lado mais fashion” de Branca, que “alivia o profundo” do seu outro projecto — as criações Branca Cuvier — com o supérfluo, “num registo que une a moda ao design sem preconceitos conceptuais”. A primeira colecção, Urban Jungle, uma linha de pendentes em acrílico, foi finalista nos prémios POPs da Fundação Serralves. Agora, virada para os anéis e as "clutches", a recente colecção Vectory foi distinguida por Serralves.
Apesar da dedicação à marca Baguera, é nas criações Branca Cuvier que a lisboeta se revê: “Adoro pensar e divagar, imaginar e sonhar e neste trabalho consigo recriar esse universo em que tudo é possível”, e basta espreitar as produções para (talvez) entender este mundo paralelo.
Notícia actualizada às 11h39 com a inclusão do resultado do concurso POPs do Museu de Serralves