Obra de Rothko leiloada por 66,7 milhões de euros em noite de recordes

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“Laranja, Vermelho, Amarelo”, de Mark Rothko, em exposição na Christie's, antes de ser leiloado AFP

Dias depois de “O Grito”, de Edvard Munch, ter sido arrematado por 119,9 milhões de dólares (91 milhões de euros) – tornando-se na obra de arte mais cara de sempre vendida em leilão –, a Christie’s levou à praça 59 lotes, dos quais 56 foram vendidos, somando um total de 388,5 milhões de dólares (cerca de 299,1 milhões de euros). As vendas superaram o valor recorde de 384,7 milhões de dólares (294,5 milhões de euros) atingido no leilão de arte contemporânea e do pós-guerra, também da Christie’s, em 2007.

A estrela do leilão foi a obra de Mark Rothko (1903-1970), “Laranja, Vermelho, Amarelo”, um quadro com 2,4 metros de altura e que, como título indica, está dividido em três rectângulos de cores com tamanhos diferentes. As estimativas da leiloeira apontavam a venda da obra para os 45 milhões de dólares (34,4 milhões de euros) mas a disputa entre seis licitadores fez com o que preço disparasse.

“Este quadro é a personificação da arte de Rothko. Nele ele recria uma experiência que invoca o transcendental”, disse ao Art Daily Laura Paulson, responsável pelo leilão, argumentando que a beleza e o valor da obra suscitaram o interesse dos compradores.

Ao ser arrematado por 66,7 milhões de euros, estabeleceu um novo recorde de vendas para o artista – até agora a sua obra mais cara era “White Center (Yellow, Pink and Lavender on Rose)” (1950) comprada num leilão da Sotheby’s em 2007 por 72,8 milhões de dólares (55, 7 milhões de euros) –, e superou o recorde de uma obra de arte contemporânea vendida em leilão e que pertencia ao britânico Francis Bacon com “Triptych”, vendido em 2008 por 86,3 milhões de dólares (66 milhões de euros).

Outro dos destaques do leilão de terça-feira foi a obra “FC 1”, a última que Yves Klein fez antes de morrer aos 34 anos em 1962, e que foi arrematada por 36,4 milhões de dólares (27,8 milhões de euros), um recorde para o artista.

Jackson Pollock (1912-1956) também teve um novo recorde ao ter a sua obra “Número 28, 1951” vendida por 23 milhões de dólares (17,7 milhões de euros). Logo atrás ficou a obra “Onement V”, de Barnett Newman (1905-1970), que alcançou um valor de 22,4 milhões de dólares (17,23 milhões de euros).

“Abstrakes Bild (798-3)”, do ainda vivo alemão Gerhard Richter, foi arrematada por 21,8 milhões de dólares (16,8 milhões de euros), superando o anterior recorde do artista em um milhão de dólares (770 mil euros). Segundo o The New York Times, desde a retrospectiva do alemão na Tate Modern, em Londres, que o interesse na sua obra tem aumentado. O jornal escreve que quando o óleo “Abstraktes Bild” (1993) foi à praça surgiram muitos licitadores interessados, que não desistiram facilmente da obra, que acabou por ser comprada por Brett Gorvy, responsável do departamento de arte contemporânea e do pós-guerra da Christie’s.

“Os milionários tornaram-se globais”, disse ao Bloomberg o vendedor de arte nova-iorquino Jack Tilton, tentando explicar o aumento do investimento do mercado da arte, mesmo em tempos de crise. “Isto é muito saudável para o mercado, obviamente.”

Para Marc Porter, presidente da Christie’s, a arte contemporânea e do pós-guerra “é a categoria mais popular e que tem mais coleccionadores interessados em todo o mundo”. “São os mais ricos e os mais envolvidos”, concluiu o responsável em declaralções ao The New York Times.

Esta noite é a Sotheby's de Nova Iorque que organiza o leilão de arte contemporânea e do pós-guerra e na quinta-feira é a leiloeira Phillips de Pury & Co.'s.

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