Espanha e Suécia cancelam concertos de jamaicano acusado de incitar homofobia

Foto
Sizzla fez-se notar em 2002, num concerto em Chicago, quando incitou o público a matar homossexuais DR

O músico jamaicano é uma referência da fusão da cultura rastafari com os ritmos dancehall. Mas o seu nome é também associado ao facto de as letras das suas canções defenderem o uso de violência contra homossexuais. “Sodomitas e maricas, eu digo: morte para eles" e "Boom boom! Os maricas devem morrer" são apenas algumas das deixas de Sizzla que reuniu contra ele associações de defesa dos direitos dos homossexuais e não só.

Só nos últimos dias, várias das suas actuações previstas para a Europa, onde chega para apresentar o novo álbum, The Chant, foram canceladas ou adiadas. Na Suécia, o concerto, agendado para esta quarta-feira, foi adiado em cima da hora, depois de vários grupos de homossexuais se terem manifestado contra o evento. Também por Espanha, milhares de assinaturas, em diferentes petições, levaram ao cancelamento dos concertos de Barcelona, Málaga, Madrid e Valência.

A Lisboa, o rapper deveria apresentar-se a 5 de Abril, no Espaço TMN ao Vivo. O facto está a alimentar um movimento que exorta o cancelamento do concerto: através de mensagens na página da TMN no Facebook — algumas a acusarem já terem visto as palavras eliminadas — e em missivas dirigidas ao TMN ao Vivo.

“A gestão do concerto é dos promotores do espectáculo, não tendo a TMN qualquer intervenção”, afirmou a TMN numa declaração oficial feita através seu gabinete de comunicação.

Entretanto, o PÚBLICO apurou que o concerto já não terá lugar no Espaço TMN ao Vivo.

Murder music

O músico, de 35 anos, fez-se notar em 2002, num concerto em Chicago, quando incitou o público a matar homossexuais, acusando estes de serem os responsáveis pela propagação da sida e de "outras doenças". Em 2004, o Reino Unido recusou-lhe a entrada e, três anos mais tarde, era a vez de Toronto e Montreal, no Canadá, cancelarem concertos como resultado dos protestos da coligação Stop Murder Music.

A resposta de Sizzla chegou com Nah apologize, um tema considerado por muitos como um hino à violência e que, entre outras coisas, diz "Jamais pedirei desculpas a um gay". Isto, apesar de o músico ter assinado um documento — a Acção Reggae Compassivo (RCA, na sigla original) — em que se comprometia a fazer parte de um movimento que levaria o reggae de volta às suas raízes One love, respeitando toda a gente independentemente da sua orientação sexual. Mas as mensagens de ódio e de incitação à violência não pararam nem o cancelamento dos seus concertos, principalmente na Europa.

Em reacção aos últimos acontecimentos, uma declaração oficial de Sizzla considera que “todos os seres humanos têm o direito à liberdade de discurso, à liberdade de expressão e à liberdade artística”. Para além do mais, a nota alega que o cantor “irá continuar a apoiar as leis do seu país”, onde a homossexualidade masculina é crime, punível com até dez anos de prisão.

Notícia actualizada às 23h32. Acescentada informação que o concerto já não terá lugar no Espaço TMN ao Vivo
Sugerir correcção
Comentar