O grupo dos "Sem Emprego" quer ser um movimento nacional
Iniciativa criada há seis dias, em Lisboa, reúne um grupo de trabalhadores que alterna a sua condição entre o desemprego, o sub-emprego ou a precariedade
A distribuição de folhetos à porta de um centro de emprego, esta terça-feira, em Lisboa, a reivindicar que “os desempregados são trabalhadores”, foi a primeira iniciativa dos Sem Emprego, um movimento que aspira ganhar dimensão nacional.
Apesar de só ter sido formado há seis dias, o grupo decidiu avançar com a acção para assinalar o Dia Mundial do Desempregado, data que se assinala a 6 de Março desde 1930, disse à agência Lusa um da meia dezena de activistas que estiveram à porta do centro de emprego situado na Rua do Conde Redondo.
“A ideia é começar a organizar plenários por todo o país para criar um verdadeiro movimento de desempregados como ocorre noutros países”, acrescentou Myriam Zaluar, jornalista desempregada.
Novo plenário dia 15 de Março
Com o segundo plenário marcado para o próximo dia 15 num lugar ainda por designar na Margem Sul do Tejo, o Movimento Sem Emprego (MSE) apela à participação na coluna dos desempregados que integrará a manifestação convocada para Lisboa no próximo dia 22, dia para que está convocada uma greve geral nacional.
“Somos um grupo de trabalhadores que alterna a sua condição entre o desemprego, o sub-emprego ou a precariedade, e estamos empenhados na criação de um movimento para o combate político e para a defesa dos nossos direitos”, anuncia o panfleto distribuído hoje à tarde em Lisboa.
Simbolicamente, quatro dos participantes na acção aproveitaram a ocasião para se inscreverem ou obterem informações no centro de emprego. Um dos temas discutidos na assembleia fundadora, no dia 1 de Março, em que participaram três dezenas de pessoas, foi precisamente o facto da situação de precariedade atingir muitos dos elementos do grupo, que desenvolvem trabalho esporádico.
“Às tantas não sabemos o que somos”, afirmou Myriam Zular, referindo-se ao facto de as pessoas que passam recibos verdes não serem desempregados mas também não terem as regalias de quem tem um contrato de trabalho.
Citando o seu caso pessoal, disse que desde novembro não consegue qualquer trabalho como jornalista, mas pelo facto de estar inscrita nas Finanças como contribuinte que passa recibos verdes (pelo pagamento dos trabalhos que consegue), não pode estar inscrita como desempregada no centro de emprego.