Morreu o músico Davy Jones, vocalista dos Monkees

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Davy Jones DR

Davy Jones, vocalista dos Monkees, um dos mais famosos (e mais odiados grupos) da década de 1960, morreu nesta quarta-feira, aos 66 anos. Nascido em Inglaterra, chegou ao sucesso nos Estados Unidos, lado a lado com três músicos que se tornaram uma banda no preciso momento em foram apresentados.

O grupo de “I’m a believer” (ver vídeo abaixo) ou “Theme from the Monkees” nasceu enquanto projecto televisivo inspirado por “Hard Day’s Night”, o primeiro filme dos Beatles, e, apesar do sucesso imediato a partir do momento em que a série estreou na televisão americana, em 1966, e dos elogios que os próprios Beatles lhes dirigiram, sempre foram olhados pela crítica e pelo público mais exigente como uma criação da indústria, como a primeira boys band da história.

Davy Jones, que morreu nesta quarta-feira de ataque cardíaco em Martin County, na Florida, aos 66 anos, sabia que a história era substancialmente diferente. Sendo certo que os Monkees nasceram de uma audição que privilegiava a aparência e a presença perante as câmaras sobre o talento musical, a sua carreira provaria que não estavam talhados para o mero papel de fantoches.

Obrigados a um regime de gravações semanal de doze horas diárias, Davy Jones, Micky Dolenz, Peter Tork e Michael Nesmith eram geridos por uma equipa de produtores que os impediam de contribuir com composições próprias e de tocar os seus próprios instrumentos em estúdio. Tal levava a situações caricatas. Davy Jones, por exemplo, era o melhor baterista dos quatro, mas a sua baixa estatura impediu que fosse aproveitado para a função – dado que, se tal acontecesse, mal se veria nos concertos e nas filmagens –, acabando por assumir no ecrã a posição de guitarrista e vocalista principal.

Entre 1966 e 1967, gravariam quatro álbuns e tornar-se-iam um fenómeno mundial. O imenso sucesso permitiu-lhes, por sua vez, começar a exigir mais independência perante produtores e editora. “Pisces & Aquarius, Capricorn & Jones, Ltd”, o álbum com que encerraram 1967, incluía já algumas canções de Nesmith e os membros da banda começavam finalmente a tocar guitarra, baixo e bateria em estúdio.

A música dos Monkees, que tanto se aproximava da luminosidade pop dos Beatles quanto se mostrava mais próxima da urgência do garage rock, não só estava em perfeita sintonia com o seu tempo como, tal como foi sendo reconhecido com a passagem dos anos, revelava um talento destinado à intemporalidade.

A banda acabaria com um derradeiro acto de rebeldia. A série televisiva terminara em 1968 e o passo seguinte foi “Head”. Hoje um clássico de culto da cinematografia psicadélica, foi o filme em que os Monkees pretenderam destruir definitivamente a sua imagem de fantoche da indústria. Teve Jack Nicholson como co-produtor e co-argumentista e, estreado em 1968, foi um flop monumental. O público-alvo dos Monkees não estava preparado para o humor surreal e para os delírios psicadélicos da obra, o público das margens não estava interessado num produto assinado por eles.

Dois anos depois, a banda terminaria por fim, reconhecendo que nada mais os unia além da música que faziam – as suas personalidades sempre chocaram. Reunião após reunião, o padrão manteve-se.

Na Primavera de 2011, escreve-se no sítio da cadeia televisiva americana ABC, os Monkees fizeram uma digressão pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. Estava previsto que continuasse no Outono. Tal como em ocasiões anteriores, foi cancelada sem quaisquer explicações.

 

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