O “trailer” era assustador, o filme é um pouco melhor. Mas é um filme de um Scorsese a assumir a pele de “avô cantigas”, a festejar a “memória do cinema” com uma bonomia que se torna exasperante no seu esforço (conseguido) para ser “juvenil” e compatível com o gosto do dia. Tanta conciliação irrita, mais ainda por Scorsese saber perfeitamente que fala de coisas inconciliáveis. Méliès e o 3D, por exemplo: está muito bem vir falar de Méliès às gerações contemporâneas, mas passá-lo no rolo compressor das 3D não é o mesmo que condená-lo ao esquecimento no preciso momento em que supostamente se pretende lembrá-lo? Com Méliès ou sem ele, “A Invenção de Hugo” é um brinquedinho, simpático nalguns momentos e feito com uma certa genica e inteligência (certamente a mais sagaz “economia visual” desta última leva de filmes em 3D). Mas, bolas: “Goodfellas”, “Casino”, “Bringing Out the Dead”, eram filmes que não brincavam (nem sequer “ao cinema”). Acabou?...
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