“Tabu” de Miguel Gomes vence prémio da crítica em Berlim
Um filme "desconcertante", diz a Variety; "encantadoramente excêntrico", na versão da Hollywwod Reporter. Miguel Gomes está perto de se tornar "muito maior", garante o El Mundo. E é assim que "Tabu" já deixou a sua marca em Berlim, onde compete ao lado de nomes como Brillante Mendoza ou Zhang. Desde 1999 que um filme português não era escolhido para a selecção oficial.
O filme foi o escolhido do júri, constituido por Scott Foundas (EUA), Essam Zakarea (Grécia), Zsolt Gyenge (Hungria), Nils Olav Saeveras (Noruega), Youngmee Hwang (Coreia do Sul), Claudia Lenssen (Alemanha), Beat Glur (Suíça), Meenakshi Shedde (Índia) e Bettina Schuler (Alemanha). Esta é assim a segunda vez que Miguel Gomes vence o prémio Fipresci, depois de em 2008 ter conquistado o galardão em Viena com "Aquele Querido Mês de Agosto".
Dividido em duas partes, o filme a preto e branco evoca e invoca ao mesmo tempo a presença portuguesa em África e o cinema clássico, passado entre a Lisboa dos nossos dias e os anos de 1960 no sopé do Monte Tabu. "Eu comecei a pensar neste filme por causa duns tipos que conheci durante a rodagem do 'Aquele Querido Mês de Agosto', que tinham tido uma banda em Moçambique. Tocavam covers dos anos 1960, Beatles, etc... Usei uma música deles no 'Agosto', chamada 'Mãe', e depois conheci-os, vários deles estão vivos, moram na zona de Ovar. Independentemente do olhar político deles, os relatos que faziam eram cheios de verdade emocional. De alguém que se divertiu na juventude, viveu imensas histórias. O paraíso é isso, a juventude, a memória da felicidade", contou ao PÚBLICO, Miguel Gomes, dias antes de partir para Berlim.
O Hollywood Reporter escreveu que “Tabu” é um exercício “encantadoramente excêntrico” na meta-ficção, explicando que o realizador explora as suas personagens sem seguir qualquer regra narrativa, tornando lugares e experiências comuns “num estranho entretenimento contemporâneo”. “A liberdade de Gomes em trabalhar com peças familiares vai novamente ganhar elogios da crítica para o realizador que foi crítico”, acrescentou.
No espanhol El Mundo, o crítico Luis Martínez comparou “Tabu” de Miguel Gomes ao “Tabu” do realizador alemão F. W. Murnau (1888-1931), por “ser um desses filmes” que leva “irremediavelmente” à melancolia. Para o crítico espanhol, Miguel Gomes, realizador de “Aquele Querido Mês de Agosto” ficou mais perto de se tornar “muito maior” do que aquilo que era antes da exibição do filme em Berlim.
O filme tem já estreia assegurada em vários países – nos co-produtores (Portugal, Alemanha, Brasil e França), e no Canadá, Grécia, Suíça, Áustria, Sérvia, Bósnia, Montenegro, Austrália, Estados Unidos da Améria, Reino Unido, México e Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo).
O prémio máximo do festival, o Urso de Ouro, que em 2011 foi para "Uma Separação", é entregue no sábado.
Notícia actualizada às 18h06